Ar-condicionado, duas camas, banheiro individual e uma janela. O lugar onde a ex-prefeita de Bom Jardim ficará presa nem de longe se parece com uma prisão, e sim um hotel de três estrelas. A decisão, seria uma “medida de cautela e prudência” em razão da grande repercussão do caso.
Longe de qualquer badalação da qual se habituou em ostentar, Lidiane Leite está no Comando Geral do Corpo de Bombeiros do Maranhão. Os advogados conseguiram reverter a decisão da Justiça Estadual que determinava sua transferência da carceragem da Polícia Federal para o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, onde dividiria cela com mulheres acusadas, em sua maioria por tráfico.
A ex-prefeita, seu ex-namorado que acumulava a função de secretário de Assuntos Políticos e o ex-secretário de Agricultura de Bom Jardim tiveram a prisão preventiva decretada no dia 20 de agosto. Beto Rocha (ex-namorado) e Antônio Cesarino (ex-secretário de Agricultura) foram presos logo na primeira busca feita pela Polícia Federal. Os dois tiveram suas prisões preventivas revogadas e já estão soltos. Já Lidiane Leite ficou 39 dias foragida, vindo a se apresentar somente no início da tarde dessa segunda-feira (28) depois que a Justiça Federal deu 72 horas para ela se apresentar. O prazo começou a contar na sexta-feira (25).
O cumprimento da decisão por parte de Lidiane pode ter sido um dos atenuantes que fizeram o magistrado José Magno Linhares acolher o pedido da defesa de colocá-la em cela especial.
Nunca fugiu
Desde quando a Operação Éden foi deflagrada no Maranhão Lidiane Leite nunca mais foi vista. Entretanto, o advogado da ex-prefeita surpreendeu ao afirmar que sua cliente não estava escondida e que até cumpria suas funções como administradora pública. “(Ela) não precisava estar dentro da prefeitura para gerir o município. Um dia antes da decisão do seu afastamento pela Justiça, ela realizou o pagamento de servidores municipais e fornecedores”, afirmou Sérgio Muniz.
O delegado da Polícia Federal, Ronildo Lages, contestou a versão da defesa e disse que ela foi procurada em Bom Jardim, mas não foi encontrada. Para o delegado, ninguém confirma alguma atividade de Lidiane no município.
Lidiane Leite, Beto Rocha e Antônio Cesarino desviaram cerca de R$ 15 milhões em recursos que deveriam ter sido aplicados em programas federais voltados para a Educação da cidade.
Dois dias antes de ter prisão preventiva decretada, Lidiane chegou a emitir uma carta na qual explicava os investimentos e o gasto do dinheiro. Leia, a seguir, a íntegra do documento.
“Carta Aberta da Prefeita Lidiane Leite aos Cidadãos de Bom Jardim
Eu, Lidiane Leite, prefeita de Bom Jardim, venho por meio desta carta, esclarecer, quaisquer dúvidas que tenham sido geradas a partir da reportagem jornalística, exibida nesta terça-feira, 18 de agosto, no telejornal da Rede Globo, Bom Dia Brasil. A matéria fez um retrato meu, no mínimo questionável e que me surpreende negativamente, por apresentar uma denúncia vazia e sem provas.
Antes da reportagem, propriamente dita, a apresentadora do telejornal levanta a hipótese de desvio de dinheiro público, o que em nenhum momento é provado durante a reportagem. A apresentadora fala também em termos gerais, que todas as escolas do município estão com problemas, o que também não é verdade.
Na matéria, o repórter diz que não houve reforma em nenhuma das 28 escolas previstas para receber obras, mas ele só mostra duas unidades de ensino, ao longo da reportagem. E não há prova alguma de que a construção demolida, mostrada pelo repórter, se trata de uma escola.
Sobre as empresas que seriam as vencedoras das licitações para a reforma das unidades, ele comete mais erros, não apresenta documentos que comprovem o endereço das empresas, e nos locais, onde ele bate a porta, não há indicação de endereço para que este seja atestado, ou seja, faz um discurso vazio e sem provas, ele pode ter batido em qualquer porta.
Para denunciar a falta de merenda escolar, mais falhas, ele entrevista apenas uma criança, fora de contexto e que não parece estar em sala de aula, pois sequer está vestindo uniforme. Sobre o fornecimento da merenda, novamente, o repórter não apresenta uma prova ou documento que traga o nome da senhora citada na reportagem, como fornecedora.
Ao falar da minha vida pregressa, mais erros. O repórter apresenta em uma imagem bem rápida, um local e depois disso, uma senhora sem identificação, que diz apenas a frase solta: “ela vendia leite”. Outra vez, nada foi provado, a senhora pode estar falando de outra pessoa, ela não cita meu nome.
Na sequência, ele faz exposição de fotos pessoais minhas, sugere badalação, e lança outra denúncia vazia, pois, fotos de uma pessoa se divertindo, não é crime e nem é prova de má gestão do dinheiro público. Em nenhum momento, ele pôde afirmar, em toda a reportagem, que uso recurso do município para diversão pessoal.
Fica claro, que o repórter não conhece a minha origem e não investigou. O povo, pelo contrário sabe que sou filha de Bom Jardim, que não teria necessidade de tirar dinheiro do povo, pois sabem que fui casada com empresário e fazendeiro próspero da região. Outra situação que fica clara na reportagem é o preconceito, como se uma pessoa que vendesse leite, não fosse capaz de viver desse negócio e prosperar.
Em um único momento da reportagem, onde sou chamada a me defender, mantenho o discurso coerente, de apoio às investigações e que se forem descobertas ilegalidades, que sejam punidos, os culpados. Ronildo Rabelo, delegado da Polícia Federal, entrevistado na reportagem, sequer cita meu nome como investigada.
Sobre a educação do município, Bom Jardim possui 05 (cinco) obras em execução na zona rural. Há construção de novas escolas nos povoados de Santa Luz, Tirirical, Vila Bom Jesus, Vila Aeroporto e Aldeia Tabocal. As escolas tem entre 4 e 6 salas de aula, no padrão MEC, e que atenderá em torno 1.680 alunos.
As obras fazem parte do PAR – Plano Ações Articuladas do Governo Federal, que visa atender os municípios na área de infraestrutura, mobiliários, transporte escolar e formações continuadas. As escolas que estão sendo construídas deverão ser entregue para as comunidades até o inicio do ano de 2016.
Além das escolas, o município foi contemplado com as construções de 02 (duas) creches na zona urbana, cuja situação está em processo de licitação.
Atualmente, o sistema educacional do município é composto por 108 escolas em atividade, atendendo a crianças da creche, educação infantil e alunos do ensino fundamental menor e maior, assim como alunos da EJAI – Educação de Jovens, Adultos e Idosos. Na zona urbana do município, existem 9 escolas atendendo todas as etapas da educação básica. No total, o município possui 11.372 alunos matriculados.
Este ano, 15 escolas começaram a ser reformadas, algumas já estão com a obra em fase final. E até o fim do ano, mais reformas estão previstas, dez escolas da zona rural e da sede vão receber melhorias. O início das novas reformas está previsto agora para o segundo semestre de 2015.
Fonte: Terra
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