Moema Tinoco está intransitável

Avenida Moema Tinoco é rota para praias do litoral norte, como Maracajaú, Perobas e Jenipabu
Edmo Nathan
Repórter

A professora e escritora Moema Tinoco da Cunha Lima provavelmente nunca imaginou que seu nome seria frequentemente associado a um transtorno na vida de inúmeras pessoas. Aqueles que precisam transitar pela avenida cujo nome homenageia a esposa de Diógenes da Cunha Lima, no loteamento Brasil Novo, Zona Norte de Natal, enfrentam um rotineiro ponto de alagamento.

Não foi necessário chover tanto para que o problema, que ocorre principalmente nas proximidades do Cemitério Pajuçara, voltasse a incomodar moradores da localidade, motoristas, turistas e demais pessoas que precisam passar pela via.

O alagamento faz com que muitos veículos precisem desviar por ruas paralelas para evitar o lamaçal. Na tarde de ontem (28), para piorar a situação, um caminhão caçamba carregado de resíduos sólidos atolou em uma das vias alternativas e deixou o fluxo de veículos ainda mais lento.

Segundo a moradora Karina Macêdo, de 34 anos, que vive no local há oito anos, “sempre que chove acontece isso. Não tem para onde a água escorrer e fica acumulada aí. Começou a chover hoje. A tendência é piorar”, ressalta. Ela estava levando seu filho Moisés Macêdo, de 2 anos, para a casa de sua cunhada, o que em circunstâncias normais não levaria um minuto. “Com essa lama aí, vou ter que ‘arrodear’  com o menino no braço. Vou levar uns 10 minutos a mais”, reclama.

Em meio ao problema evidente, a pequena Maria Clara Martins de Souza, de 9 anos, encontra uma alternativa para se divertir. Ela, assim como outras crianças da localidade, coleciona placas de carros deixadas para trás por alguns dos que se arriscam a atravessar o lamaçal. “Meu primo ‘Fael’, que mora com a gente, já encontrou muitas. A gente guarda até o dono aparecer. O máximo que juntamos foi 10. Mas depois entregamos tudinho”, conta a menina. Seu avó, Josiel Rodrigues do Nascimento, de 54 anos, vendedor de verduras, explica que “quem perde a placa do carro, sabe que foi aqui. E sempre fica um bocado de menino por aqui. Às vezes, os meninos estão com as placas guardadas e, quando o dono procura, devolvem. Recebem até uns trocados por isso”. 

Mas o alagamento não afeta somente aqueles que moram na região. A avenida Moema Tinoco tem grande importância para a atividade turística, já que é rota para praias do litoral norte do Estado. Bugueiro há 21 anos, José Francisco da Silva, de 46 anos, lamenta a situação. “Faz não sei quantos anos que prometem ajeitar isso aí, mas entra ano e sai ano e continua do mesmo jeito. Já teve colega meu que, quando eu passei por aqui, o encontrei com o buggy quebrado, no meio da lama, com um turista. Uma bela atração turística, essa piscina natural. E olhe que aqui é caminho para praias como Maracajaú, Perobas e Jenipabu”, lembra o bugueiro. 

Como consequência do alagamento, quatro linhas de ônibus (84, 79, 76 e 75B) chegaram a parar de circular na Moema Tinoco por mais de dois meses, como conta um dos motoristas da linha 79, João Araújo Batista, de 60 anos.  “Parece até que o pessoal daqui não vota”, destaca.

A avenida Moema Tinoco faz parte do projeto Pró-Transporte, do Governo Federal, e tem orçado R$ 88.221.480,67. Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Estado da Infraestrutura (SIN) informou que a obra no local está com 15% dos serviços executados, no entanto, não está sendo realizada da forma ideal por conta de um atraso no repasse de recursos. A demora para a liberação do empréstimo de R$ 45 milhões de reais junto ao Banco do Brasil, através do Programa de Apoio ao Investimento dos Estados e Distrito Federal, o Proinveste, fez com que as obras atrasassem.

“O Governo do Rio Grande do Norte esperava contar com esse repasse em abril, mas, por causa da burocracia, os recursos ainda não foram liberados. A parte mais crítica do processo já passou e os R$ 45 milhões se encontram no Tesouro Nacional, podendo ser liberados a qualquer momento e, aí sim, a obra voltar ao ritmo desejado por todos”, esclareceu a assessoria do SIN. Parte da avenida está sendo duplicada e também está prevista a implantação de faixas exclusivas para ônibus e ciclistas na via.

da TN

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