Após a entrada da Polícia Militar na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, os presos desceram dos telhados da unidade; os policiais do Bope entraram no presídio por volta de 13h, numa operação de retomada e controle da unidade prisional e em busca de possíveis mortos adicionais após um novo início de rebelião nesta segunda-feira; a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, foi palco de uma rebelião que durou cerca de 14 horas no fim de semana e deixou 26 mortos
Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Homens da tropa de choque e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio Grande do Norte entraram no presídio de Alcaçuz, na grande Natal, para realizar uma operação de "pente fino" em busca de possíveis mortos adicionais após um novo início de rebelião nesta segunda-feira, depois de um motim no fim de semana que deixou ao menos 26 vítimas fatais.
A ação policial foi iniciada depois que detentos deram início a uma nova rebelião nesta manhã, em que ocuparam telhados da unidade com pedaços de pau, pedras e facas nas mãos, de acordo com a Polícia Militar e imagens de televisão.
"Começou agora em Alcaçuz de novo. A tropa de choque e o Bope estão lá nesse exato momento. Começou agora e nossos homens estão entrando no presídio para controlar a situação", disse por telefone à Reuters o major da PM Eduardo Franco, chefe da assessoria de comunicação da polícia, pouco depois das 10h.
Em nota oficial, divulgada mais tarde, o governo do Estado do Rio Grande do Norte disse que homens do batalhão de choque e do Bope, além de outras unidades da polícia, realizavam uma operação dentro do presídio "com o objetivo de manter a ordem e identificar se há outros mortos".
"A Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania (Sejuc) está gradativamente realizando a contagem de presos nos pavilhões. Só após a conclusão dessa contagem será possível confirmar se houve fugas, acrescentou o governo em nota.
Segundo as autoridades, existe a possibilidade de que outros corpos sejam descobertos nas dependências do presídio.
Além da rebelião em Alcaçuz, também houve um motim na madrugada desta segunda no presídio provisório Raimundo Nonato, também em Natal, mas esse foi controlado em cerca de duas horas e não houve vítimas, de acordo com a PM.
"Alguns colchões foram queimados e os agentes realizaram alguns disparos para conter o grupo, até a chegada do reforço da Polícia Militar", disse o governo em nota.
IDENTIFICAÇÃO DIFÍCIL
O presídio de Alcaçuz foi cenário de uma violenta rebelião no fim de semana, que teve início no sábado, na qual 26 detentos foram mortos, aumentando o caos no superlotado sistema penitenciário do país. Mais de 130 pessoas já morreram em brigas entre facções criminosas desde o início do ano em prisões do país.
De acordo com autoridades do Estado do Rio Grande do Norte, o motim do fim de semana começou quando membros de uma facção criminosa invadiram um pavilhão onde rivais descansavam.
Investigadores forenses irão começar a identificar os corpos nesta segunda-feira, acrescentaram, mas a situação em que alguns corpos foram encontrados tem dificultado os trabalhos, de acordo com o governo.
Como em rebeliões anteriores neste ano em outros Estados, alguns detentos foram decapitados e alguns corpos podem ter sido parcialmente queimados, de acordo com uma fonte da área de segurança do Estado.
A polícia identificou prisioneiros que lideraram o distúrbio, e eles serão transferidos para outras unidades, segundo o secretário de Justiça e Cidadania do Estado, Wallber Virgolino.
Por trás do derramamento de sangue em algumas prisões do país está uma disputa crescente entre algumas das mais poderosas facções criminosas pelo tráfico de drogas. As rebeliões mais mortais em décadas expuseram a crescente guerra entre o Primeiro Comando da Capital, ou o PCC, de São Paulo, e o Comando Vermelho, no Rio de Janeiro.
De acordo com site de notícias G1, o PCC está por traz dos assassinatos em Alcaçuz, que tem cerca de 1.150 presos e capacidade para 620 detidos.
No domingo, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em nota, lamentou as mortes e disse que autorizou que parte de 13 milhões de reais do Fundo Penitenciário Nacional liberados no final do ano passado seja utilizada "em construções que reforcem a segurança no presídio".
(Reportagem adicional de Guillermo Parra-Bernal, em São Paulo)
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