De acordo com o Ministério Público Federal, Geddel Vieira Lima e Eduardo Cunha, dois dos políticos mais próximos a Michel Temer, faziam parte de uma mesma organização criminosa: enquanto um liberava empréstimos da Caixa Econômica Federal, o outro cobrava a propina; o MPF, no entanto, não fez qualquer especulação sobre como Geddel se tornou vice-presidente do banco; amigo de Temer há mais de duas décadas, ele chegou lá em março de 2011 na cota pessoal do então vice-presidente da República e foi demitido pela presidente eleita Dilma Rousseff em dezembro de 2013; diante disso, a questão é: Temer não sabia como Cunha e Geddel operavam na Caixa?
247 – Alvo de uma operação da Polícia Federal nesta sexta-feira 13, o ex-ministro Geddel Vieira Lima foi apontado como integrante de uma integração criminosa, pelo Ministério Público Federal, da qual também faria parte o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
O jogo entre os dois funcionava mais ou menos assim: como vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Geddel liberava empréstimos para grandes empresas e, em seguida, Cunha entrava em cena para cobrar propinas ou doações eleitorais ao PMDB de Michel Temer (leia mais aqui).
Segundo o Ministério Público Federal, Cunha e Geddel faziam parte de uma quadrilha, assim com os demais investigados. "A fundamentação apresentada pela autoridade policial é bastante consistente, sendo os fatos narrados na representação indicativos de que os investigados Geddel Quadro Vieira Lima, Marcos Roberto Vasconcelos, José Henrique Marques da Cruz, e Marcos Antonio Molina dos Santos faziam parte de uma verdadeira organização criminosa", afirma no documento o procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes.
Uma questão, no entanto, não foi colocada: como Geddel, que havia sido derrotado na disputa para o governo da Bahia em 2010, se tornou vice-presidente da Caixa Econômica Federal?
A resposta é simples: Michel Temer. Como vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, foi ele quem exigiu do ex-ministro Antonio Palocci, então chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, a nomeação – o que se confirmou em março de 2011 (leia mais aqui). Como o PMDB era peça importante da coalizão governista, Dilma se viu forçada a aturá-lo durante pouco mais de dois anos. Acabou demitindo-o em dezembro de 2013, quando já eram fortes os rumores do seu modus operandi (leia mais aqui).
Temer e Geddel atuam juntos há quase três décadas e consta que Temer chorou quando teve que demiti-lo após o caso Marcelo Calero – o ex-ministro da Cultura que revelou como o político baiano usava o cargo em busca de benefícios pessoais, no caso da torre La Vue.
Se foi Temer quem exigiu de Palocci a vice-presidência corporativa da Caixa Econômica Federal, a grande questão é: ele nem desconfiava de como seu pupilo atuava?
Num vídeo viral na internet, Temer diz que entregava missões impossíveis a Eduardo Cunha. Geddel, ao que tudo indica, era também uma peça importante dessa engrenagem.
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