
Eu nunca vi um secretário de Estado americano pregar tão abertamente uma intervenção militar externa num país da América Latina, no caso a Venezuela, como Rex Tillerman está fazendo nessa viagem aos países vizinhos, que vai entrar para a história como exemplo do que um secretário de estado responsável e equilibrado não deve fazer.
Ele justifica, assim, seu apelido: Dinossauro Rex.
E, é claro, suas palavras e seus gestos são os de Trump. Ele não tem autonomia para pensar senão em nome do estado americano e do seu comandante-chefe.
É um escândalo internacional que deveria ser objeto de reunião de emergência da ONU e severa reprovação, por colocar em risco a autodeterminação dos povos, um princípio reconhecido universalmente e poder se transformar no estopim de uma sanguinária guerra civil, num trágico banho de sangue.
A pretexto de “restabelecer a democracia”, ele faz o papel de coveiro da democracia, porque nenhum golpe de estado resulta em regime democrático.
Essa história de golpista acusar sua vítima de conspirar contra a democracia é velha. Pelo menos no Brasil. Quinze dias antes de um golpe militar derrubar o presidente João Goulart, a 1º. de abril de 1964, começou a ser articulado no Congresso Nacional um processo de impeachment em que ele seria acusado de planejar um golpe de estado.
O mais espantoso é ouvir de autoridades de países que Tillerman já visitou, como México e Argentina, que deveriam ser solidários com a Venezuela em nome da unidade latino-americana, apoio ao seu discurso belicoso que pede urgência: ele quer uma solução antes das eleições de abril que deverão confirmar um novo mandato de Maduro.
Mas o grande mistério é: por que o Dinossauro Rex não veio ao Brasil conchavar Temer, que expulsou a Venezuela da OEA e teria todo interesse em arrancar Maduro do poder, além de ter experiência em golpes?
Por que preferiu conspirar com a Argentina que fica muito mais distante do alvo e tem muito menos infraestrutura?
Por que não passou em Brasília só para dar um alô?
Talvez por desconfiar que Temer é um governo em extinção.
Tal como um dia se deu com os dinossauros.
do 247

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