Uso de telas por mais tempo aumenta dor nas costas em adolescentes

 Relatos são mais comuns em meninas, de acordo com Fapesp; estudo analisou uso de tela de 1.600 adolescentes brasileiros

Maior tempo de uso de telas, como smartphones e tablets, causa dores nas costas de adolescentes; condição é mais comum em meninas - Foto: Divulgação

Cada vez mais presentes no dia a dia de pessoas de todas as idades, as telas tendem a apresentar mudanças de comportamento nas pessoas. Nos adolescentes, por exemplo, isso pode interferir diretamente na saúde. Depois de analisar os hábitos de uso de tela de 1.600 adolescentes brasileiros, pesquisadores descobriram que aqueles que usavam outros dispositivos eletrônicos, como telefones ou tablets, por mais de três horas por dia apresentavam maior risco de dores nas costas. Esta condição é mais comum em meninas, segundo a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Neste estudo, os cientistas se concentraram na dor na coluna (TSP), que pode ser sentida no meio das costas. Além do uso prolongado do celular, o problema também está relacionado à curta distância entre o aparelho e os olhos. Outro fator de risco é a postura do usuário, como deitado de bruços ou ainda sentado com o pescoço dobrado.

Segundo os autores do estudo, publicado na revista científica Healthcare, o estudo aponta alta prevalência e incidência desse tipo de dor nas costas entre estudantes brasileiros do ensino médio. Embora a pergunta seja um alerta, eles destacam o fato de que a “intervenção precoce” pode reduzir problemas mais graves envolvendo a coluna em uma nova geração.

Os resultados da pesquisa mostram que as meninas são mais propensas a sofrer de dores nas costas do que os meninos. Para demonstrar o porquê, os pesquisadores compartilham três hipóteses principais: meninos podem ter um limiar de dor mais alto do que as meninas durante a puberdade; alterações hormonais causadas pela puberdade feminina precedem a puberdade masculina e podem interferir na percepção da dor pelas meninas e do ponto de vista social, muitas vezes é mais aceitável que as meninas expressem mais sintomas e sentimentos.

TRATAMENTO

Embora a dor lombar seja recorrente, o problema pode ser resolvido. “Existem vários tipos de tratamento, como reeducação postural global, pilates e fisioterapia baseada em recursos de fototerapia eletrotérmica (ultrassom, laser, etc.)”, diz o professor da Faculdade Alberto de Vita, um dos autores do livro o estudo (Alberto de Vitta) disse Eduvale de Avaré e Agência Brasil da Universidade do Vale do Sapucaí. Inclusive, além de limitar o uso do celular para menos de três horas, diferentes mudanças na rotina podem gerar efeitos positivos no controle da dor.

PANDEMIA

Como o estudo financiado pela Fapesp coletou dados até 2018, os dados atuais sobre a saúde da coluna do adolescente são limitados ao período pré-COVID-19. Portanto, o problema só é agravado pelo aumento do tempo de tela devido ao ensino a distância. No entanto, novos estudos estão em andamento para avaliar melhor essa questão. “Estamos organizando um estudo multicêntrico para ser realizado em São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul”, disse Alberto.

Como evitar dores nas costas:

Evitar mochilas com muito peso;

Carteiras de sala de aula mais anatômicas;

Correção da postura;

Atenção à saúde mental, como estresse e ansiedade.

AGORA RN