Explosão atinge usina nuclear japonesa danificada por terremoto

Uma grande explosão atingiu uma usina nuclear do Japão que já tinha sido danificada pelo grande terremoto de sexta-feira.
Imagens da televisão japonesa mostraram uma grande explosão em um dos prédios da usina Fukushima 1, a cerca de 250 quilômetros a nordeste de Tóquio. Além da nuvem de fumaça, também podiam ser vistos destroços atirados para longe da construção.
O porta-voz do governo japonês, Yukio Edano, afirmou que o prédio de concreto onde está o reator número um da usina desabou, mas o contêiner de metal, dentro do qual está o reator, não foi danificado. Segundo Edano, os níveis de radiação em volta da usina já caíram depois da explosão.
A Companhia Elétrica de Tóquio, operadora da usina, informou que quatro funcionários ficaram feridos.
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, declarou estado de emergência em Fukushima Daiichi e Daini (também conhecidas como Fukushima 1 e 2), enquanto os engenheiros tentam confirmar se houve um derretimento em um dos reatores de uma das usinas.
Este é um procedimento automático depois que reatores nucleares são desligados em caso de terremoto, o que permite que as autoridades tomem medidas mais rápidas.
A usina nuclear de Fukushima foi uma das muitas instalações do Japão danificadas pelo forte terremoto e tsunami que atingiram o país.
Neste sábado, foram encontradas pela polícia entre 200 e 300 corpos na cidade de Sendai e, segundo o canal de televisão japonês NHK, entre 300 e 400 corpos foram encontrados em Rikuzentakada.
Cidades e vilarejos inteiros foram destruídos pelo tremor de 8,9 de magnitude e por ondas de até 7 metros. Mais de mil pessoas podem ter morrido devido ao terremoto.
Mais de 200 mil pessoas estão em abrigos de emergência.
Números
O tremor de 8,9 de magnitude seguido por um tsunami atingiu a costa de Honshu, a cerca de 400 quilômetros a nordeste de Tóquio, na tarde de sexta-feira e ocorreu a uma profundidade de cerca de 24 quilômetros.
O terremoto foi cerca de 1,5 mil vezes maior do que o tremor que atingiu a cidade neozelandesa de Christchurch no mês passado, matando 160 pessoas. Algumas das mesmas equipes de resgate do mundo todo que ajudaram no desastre da Nova Zelândia agora estão a caminho do Japão.
As equipes de resgate japonesas começaram a chegar na região mais atingida pelo terremoto e, com isso, a escala real do desastre começa a ser revelada.
Uma das áreas mais atingidas foi a cidade portuária de Sendai, na província de Miyagi, onde a polícia afirma ter encontrado entre 200 e 300 corpos apenas em uma área.
A cidade de Rikuzentakada, na província de Iwate teria sido muito destruída pelo tremor e está quase completamente submersa. De acordo com o canal NHK, soldados teriam encontrado entre 300 e 400 corpos na cidade.
O porta-voz do governo Yukio Edano afirmou que acredita que mais de mil pessoas podem ter morrido.
Mas, o canal japonês Fuji TV afirmou que até 10 mil pessoas ainda estão desaparecidas em apenas uma cidade, Minamisanriku, na região de Miyagi.
O canal estatal NHK, por sua vez, afirmou que as autoridades da cidade informaram que cerca de 7,5 mil pessoas foram levadas para 25 abrigos depois do terremoto, mas estas autoridades ainda não conseguiram entrar em contato com os outros dez mil habitantes.
Uma autoridade local da cidade de Futuba, na região de Fukushima, afirmou que mais de 90% das casas em três comunidades costeiras foram levadas pelo tsunami.
"Olhando do quarto andar da prefeitura da cidade, não vejo nenhuma casa", teria dito ele segundo a agência de notícias japonesa Kyodo.
Césio e iodo
A Agência Nuclear do Japão informou neste sábado que foram detectados césio e iodo radioativos perto do reator número um da usina Fukushima 1. A agência informou ainda que isto pode indicar que os recipientes com combustível de urânio dentro do reator podem ter começado a derreter.
Na sexta-feira, o governo japonês tinha informado que os níveis de radiação dentro da usina aumentaram quatro mil vezes.
A pressão dentro de um dos seis Reatores de Água Fervente (BWRs, na sigla em inglês) na usina aumentou após o sistema de refrigeração ter sido danificado pelo terremoto. No portão da usina, a radiação aumentou oito vezes.
O calor produzido pela atividade nuclear dentro do núcleo do reator necessita ser dissipado, mesmo após seu desligamento.
Ar e vapor com radioatividade foram liberados de vários reatores das duas usinas para tentar aliviar os altos níveis de pressão. Mas, segundo o primeiro-ministro, Naoto Kan, os níveis de radioatividade no ar e vapor liberados eram "minúsculos".
Milhares de pessoas receberam ordens para se retirar da região em um raio de 20 quilômetros da usina de Fukushima. O correspondente da BBC na região Nick Ravenscroft foi parado pela polícia a 60 quilômetros da usina.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que está tentando conseguir mais informações a respeito da situação na usina.

BBC Brasil

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