Polícia indicia 8 pessoas por morte de presidente do PT no interior

Esdras Marchezan - do Jornal de Fato, de Mossoró

Oito pessoas foram indiciadas criminalmente pelo delegado Odilon Teodósio na primeira parte do inquérito que investiga o assassinato do presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) de Serra do Mel, Ednaldo Filgueira, 36 anos. Ele foi executado a tiros na noite de 15 de junho deste ano, quando saía da sede do "Jornal Serrano", de sua propriedade, em Serra do Mel. As investigações apontam para uma motivação político-partidária no crime e uma relação com as matérias publicadas por Ednaldo em seu jornal. Mandantes e mais pessoas envolvidas no plano de execução serão conhecidos dentro de 40 dias, quando a Polícia Civil promete concluir o restante da investigação.

O inquérito foi entregue ontem, no Fórum Desembargador Silveira Martins, pelo delegado Odilon Teodósio, responsável pela investigação de todo o caso. Cícera Soares da Costa, proprietária do restaurante Padre Cícero, em Serra do Mel, foi indiciada, juntamente com Rafânio Brito de Azevedo, Raniely Brito de Azevedo e Daniel dos Santos Azevedo, como autores intelectuais do crime. "Não são os mandantes. Eles arquitetaram todo o plano e conseguiram o pessoal para fazer o serviço", disse o delegado. Abnadabe Nunes Ismael Pereira da Silva (Foguinho), Francisco Fábio Ferreira (Galego), Paulo Ricardo da Costa (Paulinho) e Marcélio de Sousa Moura também foram indiciados, apontados como envolvidos diretamente na execução do presidente do PT de Serra do Mel.

Todos foram indiciados pelo crime de homicídio qualificado e formação de quadrilha, além de outros atenuantes. Mas o trabalho não possui ainda um ponto final. A dúvida sobre quem mandou matar Ednaldo Filgueira deve ser desfeita dentro de 40 dias, quando o delegado Odilon Teodósio promete encerrar a segunda etapa da investigação. "Não podemos adiantar ainda algumas coisas", disse. Ele explicou que Cícera Soares da Costa já havia sido casada com um irmão de Rafânio Brito de Azevedo, e teria "instigado" os irmãos Rafânio e Raniely a contratar as pessoas que pudessem executar Ednaldo. "Principalmente por causa de coisas que a vítima publicava em seu jornal que desagradavam os interesses políticos defendidos por Cícera e seu pessoal", explicou Odilon Teodósio.

Acusados envolvidos em outros crimes

Os sete homens indiciados pela Polícia Civil por envolvimento no assassinato de Ednaldo Filgueira mantinham uma relação antiga em crimes praticados na Serra do Mel e cidades da região Oeste potiguar. Assaltos a ônibus, alternativos, roubo de cargas e execuções fazem parte da lista de crimes que o grupo é suspeito, de acordo com a Polícia Civil. "A Vila Guanabara, na Serra do Mel, era o foco da bandidagem. Eles se reuniram e ficavam escondidos por lá. Como naquela área a cobertura de telefonia celular é deficiente, ficava mais fácil eles se esconderem da investigação policial", comentou o delegado Odilon Teodósio.

Rafânio Brito de Azevedo, um dos homens principais do grupo, já tem condenações por crime de assalto nos municípios de Assú e Areia Branca. "Eles já estiveram envolvidos em crimes na região de Caraúbas, Assú, Serra do Mel e outras cidades próximas. Quando surgiu o plano de executar Ednaldo, Rafânio e os outros entraram em contato com os comparsas que podiam executar o serviço", disse.

No dia 5 de julho, as Polícias Federal e Civil prenderam Rafânio, Abnadabe, "Galego", Paulinho e Marcélio, durante uma operação realizada nas cidades de Natal, Mossoró e Serra do Mel. Com o grupo foram apreendidas oito armas, sendo quatro espingardas de calibre 12 e quatro revólveres de calibre 38, além de munição. Durante os exames de balística ficou comprovado o uso de algumas dessas armas na execução de Ednaldo Filgueira, no dia 15 de junho deste ano, no município de Serra do Mel.

Motivação política confirmada

A atuação de Ednaldo Filgueira no Jornal Serrano com denúncias de problemas regionais desagradou a algumas pessoas que estariam envolvidas com a morte do presidente do PT. "Tem muita coisa ainda sendo investigada. Identificamos que a morte possui relação com problemas político-partidários, principalmente por causa de sua atuação no jornal", comentou Odilon Teodósio, ao falar sobre o envolvimento de Cícera Soares da Costa na execução de Ednaldo.

Daniel dos Santos Azevedo seria outro personagem que estaria envolvido no crime, através da participação logística. Marcélio de Souza Moura, outro indiciado pelo crime, é apontado como o homem que guardava as armas usadas pela quadrilha durante os crimes. Todos os indiciados estão presos e com mandados de prisão preventiva decretados pela Justiça.

O delegado Odilon Teodósio ressaltou o apoio da Polícia Federal durante toda a investigação, principalmente na área de inteligência. "Temos contado com todo o apoio da Polícia Federal", reforçou.

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