Bancários aprovam a paralisação no dia 27


Os bancários do Grande ABC já têm data para parar. Cerca de 150 trabalhadores rejeitaram ontem proposta de aumento salarial - apresentada pelos patrões na terça-feira, dia 20 - e deram aval à paralisação por tempo indeterminado, em assembleia realizada em Santo André. A partir de terça, dia 27, as 500 agências e bancos das sete cidades não vão abrir. A região soma 7.500 trabalhadores do setor.
O ato será repetido por diversos sindicatos do País, incluindo da Capital, que soma 135 mil bancários.
PREMEDITADO - Para a presidente do Sindicato dos Bancários do ABC, Maria Rita Serrano, a decisão já era esperada. Sobretudo após a proposta global da Federação Nacional dos Bancos, que ofereceu valores menores aos pedidos pela categoria. Os bancários haviam enviado seus pedidos no dia 12 de agosto. "Acho que essecenário vai se repetir no País todo. E que sensibilize a Fenaban para a negociação de amanhã (hoje)", sustenta a dirigente, sobre o segundo encontro entre classe patronal e bancários, marcada para hoje na Capital.
A aprovação da greve foi realizada para pressionar os bancos a elevarem suas propostas globais. Tanto que o sindicato já havia agendado para o dia 26 uma nova assembleia. O pensamento é de que, caso uma nova proposta - que atenda aos desejos dos bancários - seja apresentada na discussão de hoje, os trabalhadores possam analisá-la imediatamente. Caso contrário, servirá como preparativo de greve a ser expandida no dia seguinte.
O sindicato chegou a distribuir ofício à população informando sobre a paralisação. Nele, contam sobre a falta de avanços nas rodadas de discussão com a Fenaban. Também ressaltam a falta de investimentos em segurança, prejudicando clientes e bancários, como argumento para justificar a paralisação.
REJEIÇÃO - O principal motivo de descontentamento por parte dos bancários é a negociação salarial. A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (vinculada à CUT e que representa 90% dos 550 mil bancários do País) pede correção da inflação de 7,4% mais 5% de ganhos reais. Porém, a Fenaban oferece, além da inflação, 0,4% de ganho real.
Há três dias, as instituições financeiras estavam dispostas a incrementar em R$ 97,50 o piso de escriturários, que hoje é de R$ 1.250. No entanto, o menor salário ficou abaixo da proposta da Contraf, que previa R$ 1.047,51 de reajuste, somando R$ 2.297,51, calculados pelo Dieese. Já aos caixas, o sindicato pediu elevação dos R$ 1.709 para R$ 3.101,64. Mas recebeu como resposta oferta de R$ 1.842,36.
No benefício de vale-refeição, a Fenaban concedeu R$ 19,57. Hoje vigora vale de R$ 18,15, embora sindicalistas peçam R$ 24,77 aos patrões. Na cesta-alimentação, o valor atual é de R$ 311,08, e a contraproposta corrige o valor a R$ 335,36. Para esse direito, os bancários pedem um salário-mínimo. Mesmo valor que desejam de auxílio-creche, que hoje é pago em R$ 261,33. Banqueiros estavam dispostos a pagar R$ 381,71.
De Participação nos Lucros e Resultados, o pedido é de três salários brutos mais R$ 4.500, mas os patrões propuseram manter 90% do salário-base, mais fixo de R$ 1.186,66, sem poder receber mais do que R$ 7.741,12.

Fenaban diz seguir agenda de discussão com bancários
Mesmo com a iminência de decreto de greve pelos bancários, a Fenaban afirmou ontem que as negociações entre classe patronal e bancários segue cronograma combinado entre ambas as partes.
A federação alegou que os representantes sindicalistas fizeram "alguns reparos" na proposta de 7,8% de reajustes salariais, a ser analisada pela federação na nova rodada de negociações, marcada para hoje. Haviam informado que não existia "razão para greve", já que o fato significaria "radicalização". Mas a paralisação já foi agendada.
Após greve no ano passado, a categoria conquistara o maior percentual de reajuste real da história, de 3,08%.
PRESSÃO - A região foi palco de mobilizações dos bancários a fim de pressionar patrões na última semana; sindicato cumpriu agenda de atrasos na abertura dos bancos em uma hora nesse período. Foram 86 agências envolvidas nos atos, mobilizando cerca de 1.000 bancários.

Fonte: Diário do grande ABC

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