Novas facetas do museu Câmara Cascudo


Tádzio França - repórter
O Museu Câmara Cascudo finalizou a segunda etapa de sua reforma, e recomeça a partir de hoje as novas atividades da instituição. Foram renovadas as fachadas frontal e lateral, e criados novos ambientes internos. Apesar de a reabertura ser parcial, a programação pretende ser intensa ao longo do ano, com a intenção de reforçar os laços do museu com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e diversificar as visitações. Nesta quarta-feira haverá a abertura da exposição "Santos: arte prodigiosa", do escultor paraibano radicado em Natal, Seu Santos, e a 3ª edição do "Colóquio Internacional de Vozes - Narrativas, Imagens, Corpos", a partir das 18h30. 
DivulgaçãoPedaços de madeira viram esculturas figurativas nas mãos de Seu Santos: há imagens sacras, uma cadeira adornada e a cobra engolindo o rato
Pedaços de madeira viram esculturas figurativas nas mãos de Seu Santos: há imagens sacras, uma cadeira adornada e a cobra engolindo o rato

"Estávamos esperando a finalização total das obras, mas como houve um atraso no prazo esperado, resolvemos adiantar a reabertura e trabalhar com os ambientes que já estavam prontos", afirma a diretora Sônia de Oliveira Othon. O Museu Câmara Cascudo estava fechado para reforma desde janeiro de 2011. A primeira etapa foi orçada em R$415.588, e a segunda em R$728.000, ambas realizadas por empresas diferentes. Para a terceira etapa, está sendo pleiteada verba através de edital do Instituto Brasileiro de Museus - Ibram - que está privilegiando museus das 12 cidades que serão sedes da Copa do Mundo. As obras deverão começar em 2013, e concluídas no primeiro semestre de 2014. 

FACHADA DE CARA MODERNA

O museu conservava praticamente a mesma estrutura da época de sua inauguração, em 1971. A reforma modernizou sua aparência, mas sem desfigurar o prédio. A recepção passou a contar com um novo balcão, café, espaço de convivência,  e uma loja para comercializar produtos institucionais. Uma moderna marquise de metal foi construída na parte lateral do museu. Internamente, foram substituídos os quadros elétricos e a rede hidráulica, que ainda eram os mesmos dos anos 70. O pátio interno ganhou piso novo e  uma cobertura de metal de permite a entrada de luz e ar. "Quando chovia dava muito problema, atrapalhava as visitações", diz Sônia Othon. 

As duas novas salas de exposições temporárias concentrarão as atividades neste primeiro momento do museu. "Com as salas poderemos abrigar de 12 a 14 exposições anuais. Vamos abrir edital de concorrência para selecionar as melhores propostas de ocupação delas", explica Sônia. Os dois eventos de reabertura, segundo a diretora, almejam reforçar o vínculo que o museu tem com a UFRN. "O Câmara Cascudo é um museu universitário, e essa ligação institucional andava meio esquecida. A ação de trazer para cá a abertura de um evento de pesquisa e uma exposição de arte popular significa o estreitamento dos laços entre o museu e a universidade. É a confirmação do redimensionamento acadêmico que queremos fazer", diz. O colóquio e a exposição fazem parte de projetos da UFRN. 

Os setores do museu dedicados às exposições permanentes de paleologia e geologia voltarão apenas com a terceira etapa das reformas. Segundo Sônia, esses espaços voltarão modernizados, dentro de um novo conceito cenográfico de exposição. "Serão espaços em sintonia com os museus contemporâneos, com iluminação apropriada e recursos tecnológicos, de forma a ficar atraente para o visitante. Tudo faz parte de um esforço para colocar o MCC no grupo de museus do século XXI", explica. Apesar do fechamento temporário dessa área, o museu continua funcionando com seus laboratórios de paleontologia e arqueologia, utilizados pelos estudantes de ciências biológicas. 

A nova cara moderna do museu e o incremento de suas atividades culturais também ressaltam o desejo da instituição de atrair novos visitantes. Até então, o museu era procurado na maioria das vezes só por grupos escolares. "Os grosso de nossas visitas era de escolas, mas durante o período das férias sempre vinha um público mais espontâneo. Infelizmente, o nosso turismo ainda não põe museus em seu roteiro de visita. Não há divulgação para nós. Isso deveria ser uma medida tomada pelo órgãos públicos competentes. Mas, enquanto não acontece, estamos tomando nossas iniciativas", afirma. 

A ARTE PRODIGIOSA DE SANTOS

A arte de Seu Santos é realmente "prodigiosa", como diz o título da primeira exposição individual que o escultor paraibano abre hoje no MCC. A mostra faz parte do projeto "Vernáculo - A criação popular no RN", conduzido pelo professor Everardo Ramos, curador e, pode-se dizer, "descobridor" de Seu Santos para as galerias. "Quando vi seus trabalhos pela primeira vez, ano passado, soube que estava diante de um artista especial", afirma. O acervo reúne cerca de 70 peças - todas cedidas por colecionadores da obra de Santos. "Eles foram super receptivos. Compreenderam que o Santos não faz nada pra guardar, ele vende tudo", diz. 

As esculturas de Seu Santos reproduzem a cultura rural de seu criador. Ele produz detalhistas imagens, não só de pessoas, mas também de cenários e ambientes que as cercam. As imagens mostram santos, animais, camponeses, personagens do sertão. Santos também faz peças de mobiliário, como bancos e cadeiras - tudo com seu toque particular e observador. A exposição ficará aberta até o dia 28 de setembro. 

COLÓQUIO DISCUTE CULTURAS TRADICIONAIS

A terceira edição do Colóquio Internacional de Vozes será realizado de 29 a 31 de agosto, reunindo pesquisadores brasileiros e estrangeiros para discutir interpretações associadas às culturas tradicionais, através de abordagens contemporâneas. A conferência de abertura, hoje, será às 19h com a professora Idelette Muzart dos Santos, falando sobre "A aprendizagem da escuta: da voz à poética". A Orquestra Potiguar de Violas tocará na ocasião. Os demais dias do encontro serão no auditório do SEDIS, ao lado da capela do campus.

Serviço: Cerimônia da abertura parcial do Museu Câmara Cascudo. Hoje, às 18h30. Av. Hermes da Fonseca, Tirol. 

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