Um problema cada vez mais recorrente na capital potiguar é o roubo ou a depredação de placas de sinalização de trânsito. Em diversos bairros, placas recém instaladas desaparecem em menos de dois dias a reposição. Também tem se tornado comum a pichação com spray de cor preta. Neste caso, segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), é a própria população que, insatisfeita porque diversas ruas foram determinadas como sentido único para o trânsito, praticam o ato de vandalismo.
Júnior Santos
Insatisfeitos com mudanças no trânsito em algumas ruas, como a adoção do sentido único para o tráfego de veículos, moradores picham as placas de preto, tentando impedir a visualização da nova regra
De acordo com Kennedy Diniz, diretor de fiscalização de trânsito da Semob, cerca de 30% de toda a sinalização vertical da cidade foi depredada ou roubada durante o ano de 2012. "Sentimos esse aumento no número de substituições e de reposições das placas. O principal fator é o roubo: Acontece muitas vezes de colocarmos a placa num determinado local e quando passamos no dia seguinte a placa já tem sido removida novamente", alegou o diretor da Semob.
Segundo Kennedy, relatos de testemunhas que presenciam a remoção das placas dão a entender que os principais protagonistas desse crime são os chamados carroceiros. "O alumínio e o aço galvanizado das placas são ideais para vender no peso e lucrar algum dinheiro. Os barrotes de jatobá ou de maçaranduba também servem para estrutura de casas mais simples. O problema passa então a ser social", lamentou.
Um local que sofre constantemente com o roubo de placas é o final da avenida Jaguarari, no começo da avenida da Integração. Na rotatória, as placas de "dê a preferência", "rotatória mais à frente" e de controle de velocidade foram reintaladas na semana passada. O diretor de fiscalização faz menção do caminho de areia que tem bem ao lado, usado como rota por várias pessoas que fazem da remoção de placas um comércio.
Bairros periféricos como Felipe Camarão e Cidade Nova também são palco de constantes roubos de sinalizações. Em Capim Macio, as diversas placas de "PARE" colocadas ao longo dos diversos cruzamentos dentro do conjunto não são suficientes para evitar acidentes. Segundo o segurança de rua Cecílio Gomes, de 60 anos, os acidentes nas imediações são diários. Vigilante da esquina da rua Presbítero Porfírio Gomes da Silva com a rua Maria Câmara, seu Cecílio não se lembra de que tenham colocado nenhuma placa de "PARE" no local. "Acidentes aqui são rotina. Como não tem placa em nenhum dos dois acessos, todo cuidado é pouco", disse.
Em locais onde a placa de "PARE" existe, muitas vezes é ineficiente em sua função. "E quando acontece acidente, já vi pessoas aparecerem de noite arrancando a placa. Deve ser para escaparem da perícia por não terem cumprido a sinalização", supôs o vigilante.
Kennedy Diniz explicou para a reportagem da TRIBUNA DO NORTE que não é possível aferir os gastos aplicados com a reposição ou o conserto das placas, mas disse o valor médio de cada uma. A depender do tamanho e do formato, as placas custam entre R$30 a R$60, além do valor do barrote de 3,5 m de altura, que custa em torno de R$10 e da instalação da placa por R$80.
Adoção do "sentido único" em ruas gera mais protestos
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE trafegou por diversas vias do bairro de Lagoa Seca para constatar se havia respeito dos motoristas com a sinalização e averiguar o nível de satisfação dos moradores das ruas com que tiveram a ordem dos trajetos alterados. Há cerca de nove meses, várias ruas ganharam placas de sentido único, o que alterou a rotina de muitos usuários que faziam uso dessas ruas.
Na rua Aristides Lobo, um mercadinho vem sofrendo com a diminuição da clientela devido a colocação da placa de mão única. "Nós ficamos bem na esquina que não se pode mais entrar. É preciso dar a volta para que o cliente consiga chegar até aqui. Nessa volta toda, o cliente desiste", disse Ademir Torquato, gerente do mercadinho.
Para uma moradora da mesma rua, a medida é essencial para coordenar o fluxo de veículos no local. "Moro aqui há 20 anos e percebi que com o passar dos anos a minha rua ficou difícil de se passar com carro. Agora, como é mão única, melhorou e muito. Não tem mais buzinadas nem stress", colocou Miriam Santos, de 59 anos. Para ela, outra mudança aconselhável deveria ser o estacionamento de carros em apenas em um dos lados da estreita rua.
Mas nem todos concordam com a medida. Uma moradora disse que agora precisa pegar um grande corredor, como a avenida Prudente de Morais e a avenida Alexandrino de Alencar para chegar na rua de sua casa. Sem querer se identificar, a moradora alegou não concordar com a sinalização, mas acha exagerado a prática de pichações e as depredações do patrimônio público. "É chato ter que fazer o arrodeio, mas detonar as placas também não está certo", considerou.
Durante o tempo em que a reportagem permaneceu no local, foram presenciados vários veículos trafegando na contramão entre a rua Aristides Lobo e a Rua Souza Pinto. O desrespeito obrigavam os carros a pararem e a desviarem para o canto da calçada, para abrir espaço para o veículo no sentido certo prosseguir o trajeto.
da TN
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