Na Alemanha, Lula aponta emprego e desenvolvimento como saídas para a crise


Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula No Congresso do sindicato alemão de metalúrgicos, Lula falou sobre a crise na Europa, sobre suas motivações na política e defendeu que, em vez de salvar os bancos, é preciso ouvir as pessoas para encontrar saídas para a crise.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou nesta sexta-feira para cerca de 600 representantes sindicais alemães e convidados internacionais no congresso do sindicato alemão de metalúrgicos, o IG Metall, em Berlim. Num discurso de improviso, Lula recordou sua trajetória política, de sindicalista a presidente da República e lembrou que o movimento sindical alemão sempre foi muito solidário com os trabalhadores brasileiros, desde a época das grandes greves do ABC nos anos 80.
Para baixar fotos em alta resolução, visite o Picasa do Instituto Lula.
O Congresso internacional “Mudando o rumo para uma vida melhor” reuniu mesas de debates focadas principalmente nas saídas para a crise e na qualidade de vida dos trabalhadores. Lula falou antes dos debates e o tema de seu discurso foi “O caminho para um mundo mais justo”. O ex-presidente defendeu que a manutenção do emprego e o estímulo ao crescimento dos países pobres são caminhos para a saída da crise e criticou políticas de austeridade que castigam o trabalhador. “Os magnatas do sistema financeiro, quando ganham, não repartem, mas quando perdem repartem os prejuízos com todos”. Para Lula, os políticos precisam perder o medo de exercer a democracia e ouvir o que o povo quer, no lugar de priorizar o salvamento de bancos.
“A América Latina vive hoje uma era de paz e progresso que há muito tempo nao vivia. Continuamos pobres e com problemas, mas há muito tempo não tínhamos esse progresso, principalmente com o aprofundamento da democracia. E a Europa, que era um berço de tranquilidade, vive uma era nervosa, apreensiva, principalmente para a juventude. E por que isso aconteceu? Porque muitos políticos terceirizaram a política. E a política não pode ser terceirizada”.
Para Lula, o maior legado de seus oito anos de governo foi a relação com a sociedade organizada e os movimentos sociais brasileiros. “Eu passei parte da minha vida perdendo eleição atrás de eleição. Eu cansava, mas nunca desisti”. Quando finalmente venceu, Lula disse que quis mostrar à sociedade brasileira e ao mundo, que um simples trabalhador metalúrgico e sindicalista era capaz de ser presidente. E não só isso, que esse presidente era capaz de ajudar o país a avançar econômica e socialmente. “Eu queria provar, como presidente, que poderia atender à pauta que eu fazia quando era dirigente sindical ou oposição”.
Durante suas viagens, Lula disse que percebeu que foi um dos únicos presidentes que falou com os trabalhadores. “Até hoje, em muitos países, a primeira reivindicação dos trabalhadores é que eu interceda para que os presidentes os recebam”. E lembrou que, durante seu governo, recebeu catadores, sem-teto e movimentos sociais sem deixar de atender os governantes estrangeiros e empresários.
Otimista, Lula disse acreditar que “até 2020 o futuro do Brasil é de crescimento do emprego e das conquistas da sociedade brasileira”. “Só interessa ao Brasil ser a quinta economia do mundo se isso servir para melhorar a vida do povo”, e continuou: “Vocês que conquistaram esse padrão de vida não têm o direito de ficarem quietos vendo esses direitos serem retirados”.
Lula recordou que decisões dos encontros do G-20 que participou em Londres e Seul não foram implementadas. Essas decisões diziam que a manutenção do emprego e o estímulo ao desenvolvimento dos países pobres eram cruciais para a superação das crises. E sugeriu um prazo mais longo de ajuste fiscal para Espanha e Grécia, alertando que esse ajuste acelerado favorece a recessão e o surgimento de mais problemas e até o questionamento de conquistas já alcançadas. “Eu temo que na Europa vocês comecem a negar a União Européia. A União Européia é um patrimônio da humanidadade, ela superou 1500 anos de conflitos”.
Em seu discurso improvisado, que foi comentado nas mesas seguintes por políticos e sindicalistas, Lula elogiou a democracia brasileira, lembrando as dezenas de conferências realizadas em seu governo com os mais diversos segmentos da sociedade. “Os brasileiros deram o exemplo de que uma democracia viva é melhor do que uma democracia em silêncio. Democracia é quando a sociedade toda se movimenta”.
Ainda nesta sexta, Lula participa de uma conversa com lideranças do SPD, o partido social democrata alemão, na Fundação Friedrich Ebert.
Para ver a programação da viagem, que inclui eventos em Paris e Barcelona, clique aqui. Via Instituto Lula.

Nenhum comentário:

Postar um comentário