Na 1ª reunião de 2013, Copom mantém juro em 7,25% ao ano


Sem surpresa, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (16), em sua primeira reunião de 2013, manter os juros básicos da economia brasileira inalterados em 7,25% ao ano - na mínima histórica. Com isso, confirmou a expectativa quase consensual do mercado financeiro. Essa foi a segunda reunião consecutiva na qual a taxa Selic foi mantida estável neste patamar.
Arte Copom 7,25% matéria - NOVA (Foto: Arte/G1)Arte Copom 7,25% matéria - NOVA (Foto: Arte/G1)
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC deve, teoricamente, calibrar os juros para atingir as metas centrais de inflação pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ao subir os juros, o BC atua para controlar a inflação e, ao baixá-los, julga, teoricamente, que a inflação está compatível com a meta. Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
A útlima previsão divulgada pelo Banco Central para o ano de 2013 consta no relatório de inflação de dezembro, divulgado no fim do ano passado. Segundo a autoridade monetária, o IPCA deste ano deverá ficar pouco abaixo de 5%. Nesta projeção, porém, não está contabilizado o reajuste da gasolina que, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ocorrerá em 2013. Além disso, a inflação de dezembro veio mais alta do que o esperado pelo mercado financeiro, e o acionamento das usinas térmicas de energia pode ter impacto no preço da eletricidade. Para o mercado financeiro, a expectativa de inflação para este ano é de 5,5%.
Explicação
Ao fim do encontro, o Copom divulgou a seguinte frase: "Considerando o balanço de riscos para a inflação, que apresentou piora no curto prazo, a recuperação da atividade doméstica, menos intensa do que o esperado, e a complexidade que ainda envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta".

Meta de inflação?
De acordo com o economista da FEA-USP, Heron do Carmo, especialista em inflação, "tudo indica" que o IPCA vai ficar próximo de 5,5% neste ano – após somar 5,84% em 2012 e 6,50% em 2011 (em ambos os casos, muito acima da meta central de 4,5%). "Esse regime de metas está 'capenga' faz tempo, não é de hoje. É como uma pessoa que tem obesidade mórbida, que, no nosso caso, é a inflação alta. A meta seria trazer a inflação para a normalidade [dos países desenvolvidos, de 2% a 2,5% ao ano], mas a pessoa se contenta em ficar com sobrepeso", avaliou ele. Para ele, o BC não quer que a inflação ultrapasse o teto de 6,5% do sistema de metas neste ano.

De acordo com coordenador de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM), Reginaldo Gonçalves, a preocupação do governo é com o nível de atividade da economia brasileira. “Embora o governo já se prepare para uma situação econômica mais complexa, onde a redução dos juros para o patamar de 7% [ao ano] talvez fosse coerente para aumentar o consumo, infelizmente a taxa projetada de inflação já vem demonstrando que outras estratégias emergenciais terão que ser tomadas", avaliou ele.
Âncora cambial
Para o especialista em câmbio, Sidnei Moura Nehme, economista da NGO Corretora, é "inevitável" que o governo lance mão do dólar para ser a "âncora" para contração das pressões inflacionárias (cenário semelhante ao ocorrido no fim da década de 90, quando o dólar era mantido desvalorizado artificialmente para controlar a inflação).

"A inflação tornou-se a preocupação maior do cenário macroeconômico brasileiro logo ao início do ano e, com pouco espaço de manobra para esta desagradável surpresa, resta ao governo utilizar-se do preço do dólar como instrumento básico e principal para tentar conter as pressões altistas presentes", avaliou Nehme.
Um valor mais alto para o dólar gera melhores condições de competitividade para as empresas brasileiras, uma vez que suas exportações ficam mais baratas e as importações ficam mais caras. Também tem, entretanto, outros efeitos, como gerar mais pressões inflacionárias. Quando o dólar subiu acima de R$ 2,10 no fim do ano passado, o BC realizou leilões no mercado futuro para impedir um aumento maior da cotação da moeda norte-americana.
Rendimento da poupança
Com a manutenção dos juros básicos por parte do Banco Central, a rentabilidade da caderneta de poupança também segue estável. Pelas regras definidas pelo governo neste ano, a poupança passou a ser atrelada aos juros básicos da economia, rendendo 70% da aplicação, mais a Taxa Referencial, quando a taxa básica estiver abaixo de 8,5% ao ano. Isso para aplicações feitas de 4 de maio de 2012 em diante.

Com juros em 7,25% ao ano, a poupança continuará sendo remunerada em 5,07% ao ano mais TR. Antes da mudança das regras, a poupança rendia, pelo menos, 6,17% ao ano, mais TR. Na poupança, porém, não é cobrada taxa de administração e nem Imposto de Renda (IR) - ao contrário dos investimentos em fundos. Os recursos podem ser sacados a qualquer momento.
Fonte: G1

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