A governadora Rosalba Ciarlini (DEM) não esperou muito tempo para dar a sua resposta ao rompimento anunciado pelo PMDB na última sexta-feira (30). O Diário Oficial do Estado desta terça (03) trouxe uma lista de 49 exonerações de cargos estratégicos da Secretaria Estadual de Trabalho, Habitação e Assistência Social (Sethas) e do diretor da Fundação Estadual da Criança e do Adolescente (Fundac), Getúlio Batista Neto, todos indicados pelos peemedebistas, contabilizando 50 exonerações.
No Centro Administrativo, a expectativa é que as primeiras demissões foram apenas uma primeira reação do governo aos antigos aliados. Nos próximos dias, mais uma série de exonerações é aguardada em diversos órgãos da administração, direta e indireta. A estimativa é que o PMDB ocupava cerca de 300 cargos comissionados na gestão Rosalba Ciarlini, e colocou todas as funções à disposição da gestora após o afastamento político oficializado na semana passada.
A Sethas era ocupada pelo ex-secretário Luiz Eduardo Carneiro, indicação do ministro Garibaldi Alves Filho (PMDB). No cargo desde o início da gestão democrata e considerado homem de confiança do senador licenciado, a escolha da pasta para o partido foi motivo de polêmica, por ter ficado sem o controle do badalado Programa do Leite, entregue à Emater, que à época era comandada pelo deputado Betinho Rosado, cunhado da governadora.
A saída de Luiz Eduardo chegou a ser apontada pelo deputado federal Henrique Eduardo Alves, presidente estadual da legenda, como o fato decisivo para o rompimento, pela representatividade que sua indicação possuía, por ter partido exatamente de Garibaldi. Na mesma semana de sua exoneração, o PMDB também optou pelo distanciamento do projeto de Rosalba.
Em seu lugar, foi nomeada imediatamente a ex-prefeita de Messias Targino, Shirley Targino, presidente estadual do PR Mulher, outro partido prestes a deixar a base governista. O deputado federal João Maia, maior líder do partido no RN, já anunciou reunião para este mês, quando deverá divulgar o posicionamento oficial dos republicanos. Nos bastidores, o comentário é que a legenda seguirá a decisão tomada pelo PMDB, devido a proximidade das duas siglas e de seus líderes. João Maia já externou que Shirley não representa o PR no Governo.
O novo responsável pela Fundac também está escolhido. É o ex-vereador de Serra Negra do Norte, Sérgio Fernandes de Medeiros. O ex-parlamentar disputou as eleições de 2012 para prefeito do município, pelo PSDB, mas acabou derrotado no pleito pelo atual gestor Urbano Faria (PT). Sérgio ocupava, até ontem, o cargo de assessor especial do secretário do Gabinete Civil, Carlos Augusto Rosado, marido da governadora Rosalba Ciarlini.
Na Fundac, o ex-vereador já tem um desafio iminente: colocar para funcionar os diversos centros educacionais para adolescentes em conflito com a lei. Muitos desses prédios estavam interditados para o recebimento de novos jovens infratores e passavam por reformas. Mas, algumas obras foram paralisadas diante da necessidade imposta pelo governo a todas as pastas para reduzir os custos da administração.
Exonerações devem atingir também outros setores
Caso se confirmem as expectativas, o Diário Oficial do Estado deverá vir recheado de exonerações de indicados pelo PMDB durante toda esta semana. Segundo levantamento extra-oficial, há nomes do partido em diversos cargos da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Pesca, Idiarn, Emparn, Emater, Empresa Potiguar de Promoção Turística (Emproturn), Jucern, Potigás, entre outros.
Segundo o deputado estadual Nélter Queiroz, um dos principais defensores do rompimento da legenda com o governo, a decisão da governadora “é natural” e precisa “ser respeitada”. O parlamentar afirmou que esta decisão caberia mesmo a Rosalba Ciarlini, após a decisão definitiva do PMDB de entregar as indicações.
“Ela está certa, é algo natural após nossa decisão. Não tem nada demais. O PMDB optou pelo rompimento com o governo e esta é uma decisão que só cabe a governadora”, limitou-se a dizer Nélter, sem querer polemizar com a decisão da gestora, mesmo diante da rapidez das exonerações.
Na tarde de ontem o então secretário de Agricultura, Júnior Teixeira, já havia confirmado que cumpriria seu último compromisso na função, ao participar da reunião do Comitê de Combate à Seca. Também indicado pelo PMDB, pediria exoneração do cargo logo após o evento. O diretor da Emater, Henderson Magalhães, outro que chegou ao governo junto com a influência do PMDB e de Teixeira, também deve seguir o mesmo caminho.
do JH
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