Empresas inovam até na produção de amendoim para ganhar com a Copa

Produção de doces e balas terá aumento em torno de 37%. Foto:Divulgação
Copa do Mundo lembra jogo de futebol, que lembra encontro de amigos, que lembra cerveja, que lembra… amendoim. Essa sequência é bastante lógica para muitos brasileiros e, por isso, é extremamente lucrativa para empresas com a Dori, fabricante de amendoins, doces e balas de Marília, no interior de São Paulo.
Desde 2013 – ano em que a Dori ampliou em 6% o faturamento, para R$ 480 milhões –, a empresa estuda formas de inovar. A mira esteve tanto no processo produtivo quanto nas novidades que vão para as gôndolas.
Na linha de amendoins, a partir do final de março, a fabricante deve aumentar em 30% o volume de produção. Tudo para atender ao consumidor da Copa do Mundo. “O consumo de amendoim que existe no Brasil só é semelhante ao da Índia e do Chile”, comenta Jean Carlos Paiva, gerente sênior de Marketing da Dori.
Entre os lançamentos, estão produtos os três novos sabores do Pettiz de amendoins sem casca, naturais, japonês ou temperados e também a versão que já virá acompanhada de uma petisqueira, para facilitar a vida de anfitriões. Na linha de balas, os pacotes de Frutsy vão misturar sabores brasileiros com frutas típicas de cada país que estiver nos jogos.
Para chegar nesses produtos, o roteiro de Paiva foi o típico caminho da inovação: pesquisa e experimentação. “Estudamos cases de outros países, identificamos oportunidades junto aos pares e desenvolvemos itens novos”, diz.
Todo esse empenho não será esvaziado após a Copa. “O mercado de amendoim cresce a dois dígitos repetidamente nos últimos cinco anos”, lembra. “Esse mercado de amendoins, doces e balas é muito ‘comoditizado’. Qualquer esforço a mais já desperta a preferência do consumidor.”
A Dori não é a única indústria com energia para aproveitar a temporada dos jogos. A consultoria de Valter Pieracciani, a Pieracciani Desenvolvimento de Empresas, atualmente trabalha com 30 empresas com projetos de inovação para atender melhor ao público dos jogos.
No setor de alimentos, estão em busca de produtos temáticos em porções mais adequadas à realização de eventos. As fabricantes também estão preocupadas com a eficiência da produção e da distribuição logística. “Estamos agilizando sistemas de venda e mecanismos de georeferenciamento”, conta Pieracciani. “As empresas estão preocupadas em não perder momentos de vendas.”
Copa do Mundo é oportunidade de investimentos
Desde o anúncio do Brasil como sede para a Copa do Mundo de 2014, o que mais se ouve é que esta é uma oportunidade única para a economia nacional – tanto pelo volume de turistas consumidores quanto pelas oportunidades em infraestrutura. Pudera. As expectativas do governo indicam que o País deve receber 600 mil turistas entre junho e julho deste ano, utilizando produtos e serviços nacionais. Com a maior parte das empresas de olho nessa turma, elas estão apelando para todos os lados para desenvolver melhores condições nesse mercado.
Um dos caminhos para melhorar a produtividade e a competitividade nesse cenário tem sido a inovação. Com suporte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) no programa Inova Empresa, o volume de financiamento de empresas inovadoras cresceu 138% no ano passado. O dinheiro deve beneficiar 112 projetos de pesquisa, tecnologia e inovação.
Essa empolgação com inovação, no entanto, não deve morrer com o fim do campeonato. Para Yoel Lenti, diretor da Insitum, consultoria de inovação e design thinking, todo investimento deve levar em conta o longo prazo e uma mudança de paradigma da operação. “Temos orientado as empresas a buscar inovação olhando mais longe, para que o investimento possa se financiar ao longo do tempo, com o ganho de eficiência que a mudança promove.”
Hotelaria poliglota
No setor hoteleiro, o idioma tem sido um problema central a ser enfrentado com muita inovação. Ferramentas que possam facilitar a rotina dos visitantes e melhorar a comunicação com a equipe dos hotéis e restaurantes têm sido desenvolvidos nos laboratórios de inovação da Pieracciani.
Um exemplo de solução é o Urbbox, aplicativo criado por dois cearenses. Testado na Copa das Confederações, o aplicativo traduz milhares de pratos do mundo para centenas de idiomas, eliminando as barreiras idiomáticas na hora da refeição – além de fazer e fechar pedidos do próprio celular.
Telecomunicações e transportes
As telecomunicações também são parte importante da infraestrutura básica de operação. No ano passado, a Pieracciani ajudou a Oi a desenvolver aplicativos para a Copa do Mundo sob o conceito de Inovação Aberta. Desenvolvedores foram convidados a criar aplicativos para quem está de passagem no País. Foram mais de 100 inscritos, a operadora de telefonia investiu em 15 iniciativas e cinco já estão em fase de teste. “Agora a Oi tem um enorme banco de ideias para investir e se associar aos desenvolvedores no futuro”, diz Valter Pieracciani.
Entre as ferramentas que têm sido desenvolvidas, há a geolocalização de torcidas e até um aplicativo que situa oferece dados históricos sobre os pontos turísticos do País bastando apontar a câmera do celular na direção do local.
Ao mesmo tempo que as empresas estão em busca de produtividade e eficiência, os governos ainda tentam resolver questões na infraestrutura de transportes. Nas mãos da Insitum, dirigida por Yoel Lenti, está um projeto para Metrô do Rio de Janeiro. O objetivo dos estudos de Lenti está em melhorar a experiência do consumidor final. No entanto, o executivo não abre detalhes sobre o que será implementado na capital carioca. “Projetos assim deixarão legado para futuros usuários, mesmo depois que o evento acabar”, explica.
do JH
Fonte:Terra

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