Diego Hervani
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A Polícia Civil do Rio Grande do Norte divulgou, nesta sexta-feira (18), uma foto digitalizada de como Joseane Pereira dos Santos, uma das cinco crianças desaparecidas no caso que ficou conhecido como os “Raptos do Planalto”, estaria atualmente. Raptada em 1999, quando tinha apenas oito anos, a jovem estaria hoje com 23.
“Desde 2012, quando assumi o caso, o processo ganhou quase quatro volumes de investigação. Passado tanto tempo, muitas pessoas que faziam parte da investigação acabaram morrendo e muitas provas acabaram sumindo. Tudo isso acabou dificultando muito a nossa investigação. Mas, agora, com essa divulgação da foto da Joseane, conseguimos avançar bastante. Esperamos que alguém consiga identificá-la”, destacou o delegado Ben-Hur de Medeiros, responsável pelo caso. Para tentar ter uma resposta mais rápida, a Polícia Civil tem negociado com a Polícia Federal uma recompensa para quem passar algum tipo de informação que leve até a garota. “Nunca prometi para as famílias que iria encontrar essas crianças, mas prometi que iria fazer o possível para que isso aconteça”, destacou Ben-Hur.
A mãe de Joseana, Lindalva Florêncio, não escondeu a emoção no momento em que a foto da filha foi mostrada e disse acreditar que ela ainda está vida. “Eu nunca deixei de duvidar que minha filha está viva. Todos esses anos foram muito difíceis, mas nunca deixei de acreditar. Agora a esperança voltou ainda mais forte. Só peço o apoio de quem possa me ajudar, quem viu minha filha me ajude a encontrá-la”.
O processo de envelhecimento da foto foi feito por um instituto da Polícia Civil de Pernambuco. A técnica ainda não foi aplicada nas fotos das demais crianças. “Esse processo tem uma série de necessidades técnicas, como fotos em boa qualidade, e temos dificuldade de conseguir isso com as outras famílias”, afirmou o delegado da PF, Marinaldo Moura.
Durante a entrevista, o delegado Ben-Hur também explicou o que o casal Jeffrey Press e Arlete Mahs, visto no dia 6 de maio de 2000, viajando com sete crianças para São Paulo, continuam sendo suspeitos, mas não são os únicos. “Conseguimos identificar que as crianças que viajaram com o casal eram filhos de Ubirajara Serafim e Zilda Alves, dois catadores de lixo que também viajaram com o casal naquela noite. Atualmente Zilda mora em São Paulo com seis dos filhos. O sétimo, que é menor de idade, foi adotado por Arlete, tudo dentro da lei. Não estou dizendo que a Arlete e o Jeffrey não são suspeitos, mas não são os principais. Todos que estamos investigando são suspeitos”.
Por fim, o delegado informou que existem outras linhas de investigações, que ele não pode revelar, já que o caso corre em segredo de justiça. “O que fomos autorizados a falar foi isso, dessa viagem e da foto. Porém, o que possa falar é que, nesses dois anos que estou no caso, conseguimos avançar e temos algumas linhas de investigação para seguir”.
Na última quarta-feira (16), familiares de três das cinco crianças sequestradas tiveram o material genético coletado pela Polícia Federal. O procedimento foi feito para que o material fique “de reserva” para futuras investigações. Os pais de Gilson Enedino da Silva e Marília Gomes da Silva passarão pelo mesmo processo nos próximos dias.
Os “Raptos do Planalto” é o mais conhecido caso de desaparecimento de crianças no Rio Grande do Norte. Entre 1998 e 2001, cinco crianças, de um a oito anos de idade, desapareceram de dentro das casas sem deixar nenhuma pista. Um dos fatos que chamou atenção dos policiais é que os sumiços sempre aconteceram por volta das 3h30, quando todos estavam dormindo. No dia 9 de novembro de 1998 Moisés Alves da Silva, com 1 ano e 7 meses, desapareceu em casa. Em Janeiro de 1999, Joseane Pereira dos Santos, com oito anos, sumiu da casa de uma vizinha. Em Janeiro de 2000, Yuri Ribeiro Cardoso, de 2 anos e 3 meses foi levado quando estavam deitado em uma rede dentro de casa. Em abril do mesmo ano, Gilson Enedino da Silva, então com um ano também foi levado. O último rapto aconteceu em dezembro de 2001, quando Marília Gomes da Silva, com dois anos, sumiu.
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