“Por causa do obstáculo, Natal tem ficado fora dos roteiros de nossas associadas”. A declaração do presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos à Revista Exame, Marco Ferraz, reflete o baixo entusiasmo do segmento turístico potiguar quando a promoção de passeios náuticos. Na edição quinzenal do impresso que circula em todo o território nacional a partir deste final de semana, a reportagem “Uma ponte que afasta” revela as consequências de uma obra mal pensada.
Para quem circula na capital potiguar, cruzando dia a dia os dois lados da cidade separados pelo rio Potengi, não restam dúvidas a utilidade da Ponte Newton Navarro. A estrutura reduziu para minutos o tempo de trânsito que algumas pessoas chegavam a levar horas para cumprir. Entretanto, a boa ventura de uns se tornou o problema de outros.
Natal é uma cidade que tem como principal atividade econômica o turismo, segmento que movimenta 52 cadeias produtivas em todo o Rio Grande do Norte. O turismo náutico chegou a ser a grande aposta de agências que viam no Porto de Natal uma grande estrutura a ser explorada pelo segmento. Mas a existência da Ponte Newton Navarro impôs dificuldade para a atividade náutica.
Para chegar ao porto, os navios precisam passar por baixo da ponte. Mas sua estrutura impede a passagem de embarcações com altura maior do que 55 metros. Eis o problema: boa parte dos navios de cruzeiros (explorados por turistas de alto poder aquisitivo) que navegam na costa brasileira é mais alta do que isso. Portanto, não pode atracar no Terminal de Passageiros do Porto de Natal.
A realização da Copa do Mundo na capital potiguar foi o primeiro acontecimento que abriu os olhos do segmento turístico para o problema provocado pela ponte. Durante o mundial de futebol, um navio com 3.200 turistas mexicanos com destino à Natal teve que atracar em Recife/Pernambuco porque a embarcação atingia a altura de 66 metros, impedindo sua passagem sob a Newton Navarro. Com isso, os turistas foram distribuídos em 200 ônibus e tiveram que chegar à Natal por meio terrestre.
Na época da Copa, a Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) propôs que o navio ancorasse antes da ponte e o transporte até o Terminal Marítimo de Passageiros fosse feito em lanchas. A proposta não vingou e até agora não se chegou a uma solução para o problema que impede a vinda de navios de cruzeiro de grande porte.
A intenção da Codern é fazer uma adaptação no cais do porto para que os turistas possam desembarcar de lanchas, nas quais seriam trazidos dos navios ancorados na costa da cidade. No fim do ano passado, a Companhia Docas abriu uma licitação para contratar um estaleiro disposto a construir a estrutura necessária, mas não houve interessados.
do JH
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