Sem médicos, Hospital Maria Alice, em Natal, perde UTIs pediátricas

Hospital Maria Alice Fernandes (Foto: Tribuna do Norte)
O Hospital Maria Alice Fernandes não tem mais nenhum leito de UTI pediátrica e neonatal funcionando na unidade. Das cinco UTIs pediátricas, quatro foram transferidas para o Hospital Walfredo Gurgel e uma está parada. Das cinco UTIs neonatal, duas foram transferidas para o Hospital Santa Catarina e as outras três estão paradas. A medida, segundo a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), foi necessária porque não havia médico pediatra suficiente para completar a escala de novembro.

Em nota, a Sesap informou que a medida é temporária e que "está com processo emergencial para contratar intensivistas pediátricos e neonatologistas no Rio Grande do Norte e na Paraíba, para garantir o atendimento às crianças que necessitam de tratamento intensivo, tendo em vista a carência desses profissionais, agravada por pedidos de exonerações, aposentadorias e redução de carga horária".

O Hospital Maria Alice Fernandes fica na Zona Norte de Natal e é referência no atendimento pediátrico. "Era a melhor organização em termo de assistência pediátrica no Estado. Lá, se atendia emergência clínica e cirúrgica que não fosse trauma. É uma perda incalculável. Isso com certeza vai ocasionar morte de crianças por falta de atendimento", disse o médico Madson Vidal, presidente da Associação dos Amigos do Coração da Criança (Amico).

Segundo ele, a transferência de algumas UTIs e desativação de outras se deu porque a escala da pediatria do Hospital Walfredo Gurgel não fechava. "A escala do Maria Alice Fernandes estava completa para novembro e dezembro, mas a escala do Hospital Walfredo Gurgel para a UTI pediátrica não se completava, ia até o dia 27 de novembro. E os gestores acharam melhor transferir os médicos do Maria Alice para o Walfredo, não encontraram outra solução. É uma matemática que não cabe na cabeça de ninguém. Quando o que se precisa é de uma solução definitiva", disse Vidal.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, o Rio Grande do Norte possui 61 UTIs pediátrica, sendo 28 do SUS e 31 particulares; e ainda 140 UTIs neonatal, sendo 81 do SUS e 59 particulares.
Problema crônico

O problema da falta de médicos para preencher as escalas nos hospitais públicos do Rio Grande do Norte é crônico. Em julho deste ano, o hospital suspendeu atendimento na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) por falta de pediatras. O Ministério Público acionou a Justiça para que os atendimentos fossem retomados, o que aconteceu três dias depois.
Em outubro, o Hospital Walfredo Gurgel sinalizou que o atendimento na UTI pediátrica também seria suspenso por falta de médicos.

Nesta terça-feira (8), a direção Hospital Universitário Onofre Lopes anunciou que vai colocar em funcionamento os cinco leitos de UTIs pediátricas que estão prontos e equipados no local. No entanto, em maio deste ano, o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (Cremern) acionou a Justiça para que os leitos em questão começassem a funcionar. Seis meses depois os leitos continuam desativados.

Do G1 RN

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