O receituário neoliberal que o governo Temer está adotando desde que usurpou o poder, e que vem sendo propagandeado pelas elites políticas, o empresariado e o oligopólio da comunicação como “saída para a crise”, é um modelo cujas causas e consequências já são amplamente conhecidas no Brasil e no mundo, que pode ser sintetizado em privilégios cada vez maiores para uma diminuta elite e negação de direitos para a maioria da sociedade.
O Brasil, que tinha iniciado ainda que timidamente um processo de redução das desigualdades, caracterizado por políticas de acesso e inclusão, sobretudo no que diz respeito à educação e à proteção social, vê-se agora tomado de assalto por reformas antipopulares e recessivas que irão, em curtíssimo prazo, aumentar o desemprego, o empobrecimento, retirar direitos conquistados e fazer crescer o abismo entre ricos e pobres.
A desregulamentação trabalhista, onde o negociado impera sobre o legislado e o trabalhador perde qualquer proteção; a reforma da previdência, que impõe 49 anos de trabalho e contribuição para acesso à aposentadoria integral; e a PEC do fim do mundo, que congela por 20 anos os investimentos nas áreas sociais, são exemplos de uma política de Estado que trata a sociedade como mercadoria, negando-lhe direitos e dignidade.
A fórmula da redução dos investimentos sociais, fragilização dos sindicatos, contratações e demissões desregradas, jornadas de trabalho exaustivas, salários que não atendem às necessidades básicas das famílias e desmantelamento do Estado Social traz como resultados o aumento da pobreza, forte insegurança social e crescimento acentuado da desigualdade, alimentando a segregação, o desamparo e a criminalidade.
O ano de 2017 teve início com três terríveis chacinas (Campinas, Manaus e Roraima) e a maneira como o governo Temer se portou diante delas foi tão cruel e desumana quanto as próprias chacinas. O que podemos esperar para o presente e futuro se o contingente de pobres tende a aumentar e o tratamento dado à pobreza é penal e não social? Se o governo considera que a solução é construir mais presídios e ao mesmo tempo reduzir os investimentos em educação, saúde, assistência social e geração de emprego e renda? Se alguns seres humanos são tratados apenas como seres, desprovidos de humanidade?
O governo ilegítimo que anunciou a pacificação nacional segue o caminho oposto, pois sua cartilha neoliberal, racista e misógina está nos conduzindo à convulsão social. Somente da luta em defesa dos direitos sociais e da democracia poderá brotar um novo projeto de nação baseado nos princípios da igualdade, da solidariedade, da paz e da soberania.
Senadora Fátima Bezerra, em artigo publicado em 13.01.2017, pelo NOVO Jornal.
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