Mineiro participa de abertura da Central de Comercialização da Agricultura Familiar no RN

Os pequenos produtores rurais do Rio Grande do Norte, depois de dez anos de expectativa, comemoraram a inauguração da Central de Comercialização da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Cecafes), nesta segunda-feira (27), pelo governador Robinson Faria em Natal. Para o deputado estadual Fernando Mineiro (PT), presente ao evento, a abertura do espaço é muito importante, mas é necessário “investir em políticas públicas que fortaleçam toda a cadeia produtiva da agricultura familiar”.

“Esse espaço é uma reivindicação antiga dos pequenos produtores rurais, que vem desde o governo do ex-presidente Lula. Ter uma central de comercialização, agregando todas as unidades produtivas da agricultura familiar, vai ajudar muito, porque as famílias produziam, mas não tinham onde vender seus produtos. É preciso pensar também no assessoramento técnico, investimento em acompanhamento e projetos de irrigação, porque estamos enfrentando uma seca prolongada, a maior dos últimos anos, que atrapalha a produção”, comentou.
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Robinson Faria reconheceu o empenho de Mineiro para a viabilização da Central de Comercialização. Ele disse que o parlamentar foi o primeiro a sugerir a inclusão da abertura do espaço em seu programa de governo em 2014. A estimativa do governo é que sejam comercializadas cerca de 170 toneladas de produtos regionais, movimentando em torno de R$ 300 mil.

Espaço vai melhorar a vida dos agricultores familiares

De acordo com o coordenador da Cooperativa de Agricultores Familiares e Economia Solidária (Cooafes), Allan Medeiros, o espaço vai congregar 50 permissionários de 35 cooperativas e associações de agricultores familiares dos dez territórios rurais do RN. Ele disse que a Central de Comercialização “vai melhorar muito a vida do agricultor familiar, porque permite a saída do atravessador, que era quem mais ganhava com a venda da produção dessas famílias”.

“Além disso, resolve um problema social futuro, que é a sucessão rural. Quando o agricultor planta, mas não tem a quem vender, ele não tem como sustentar a família. Geralmente, os sucessores desses agricultores preferem sair do campo pra cidade. Tendo a certeza da comercialização, eles vão permanecer no campo”, explicou.
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A doceira Maria José Juventino da Silva, oriunda do município de Pureza, é uma das permissionárias da Central de Comercialização. Ela contou que aprendeu a fazer seus doces com a avó, a mãe e a sogra. Depois, fez curso de aperfeiçoamento na UFRN.

“Não tinha espaço, antes, pra vender nossos produtos. Eu vagava pelas feiras, mas não era produtivo. Eu acredito que, com esse espaço, vai melhorar, porque as pessoas vão saber onde encontrar nossos produtos”, disse, em tom otimista.

Maria José faz parte de uma associação com mais cinco pessoas. Ela explicou que as pessoas vão se revezar no trabalho do stand. Os custos serão rateados igualmente, assim como o lucro.

Dignidade aos produtores rurais
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A gestão da Central de Comercialização ficará a cargo da Cooperativa dos Agricultores Familiares do RN (Coafarn), em parceria com a secretaria de Estado da Agricultura e Pesca (SAPE). A diretora da entidade, Fátima Torres, ressaltou que “o maior gargalo da agricultura familiar, historicamente, é a comercialização”. “O problema de o pequeno produzir para o grande industrializar, vender e lucrar sempre existiu. Por isso, esse espaço, pensado juntamente com todos os territórios, é tão importante”, declarou.

Ruberlânio Franco, associado da Coafarn, concorda com Fátima. Ele disse que “o escoamento da produção sempre foi um entrave”. “Essa estrutura foi inaugurada antes, mas nunca teve funcionalidade. Agora, a gente abre as portas comerciais para os agricultores familiares, dando dignidade ao homem e à mulher do campo, melhorando a qualidade de vida e agregando valor aos produtos”, opinou.

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar no Rio Grande do Norte (Fetarn), Manoel Cândido, também enfatizou a importância da abertura da Central de Comercialização para facilitar a venda direta dos produtos rurais à população potiguar.

“Essa é uma luta de muitos anos, que agora vai ter efeito na qualidade de vida dessas famílias. A comercialização, sem a presença dos atravessadores, vai passar a se justa, gerando emprego e renda para quem produz”, discursou.

Mineiro disse, ainda, que o governo precisa informar à população, através de uma campanha de mídia, sobre a abertura da Central de Comercialização. “O grande problema da agricultura familiar, depois de superados os entraves da produção, é a comercialização. Aqui nós temos um espaço pra isso, mas só vai funcionar se tiver gente pra comprar os produtos. É fundamental que o governo pense numa campanha de divulgação desse espaço e desses produtos”, completou.

A Central de Comercialização vai funcionar de segunda a sexta, das 6h às 17h, além de aos sábados das 6h às 12h, na Avenida Capitão-Mor Gouveia, próximo a Ceasa. Além de agricultores familiares, o espaço também beneficiará 31 entidades, entre associações e cooperativas.

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