LULA: SE NÃO ME CONDENAREM EM SEGUNDA INSTÂNCIA, O GOLPE NÃO FECHA

Foto Ricardo Stuckert
Em entrevista nesta manhã ao jornalista Mario Kertész, da rádio Metrópole de Salvador, o ex-presidente Lula afirma que o objetivo de sua eventual condenação em segunda instância é concluir o golpe, iniciado em 2016 com a derrubada da presidente Dilma Rousseff; "Deram um golpe, colocaram o Temer e o Brasil afundou", disse Lula; "Não fizeram isso para o Lula voltar e eles sabem que eu sei como consertar esse país"; Lula prometeu retomar investimentos para a roda econômica voltar a girar; na entrevista, ele também criticou a força-tarefa curitibana e disse que eles se tornaram escravos da Rede Globo

Bahia 247 - O ex-presidente Luiz Inácio da Silva deu entrevista nesta sexta-feira, 18, ao jornalista Mario Kertész, da rádio Metrópole de Salvador, e voltou a defender sua inocência nas ações penais da Lava Jato. Lula disse que o objetivo de sua eventual condenação em segunda instância é concluir o golpe, iniciado em 2016 com a derrubada da presidente Dilma Rousseff.

"Deram um golpe, colocaram o Temer e o Brasil afundou", disse Lula. "Eles vão ter que se explicar para a sociedade. Eu quero estar vivo para ver qual é a explicação deles. A Lava Jato está virando um partido político e tem espaço garantido na televisão. Se eu voltar em 2018, vou voltar mais forte. Eles sabem que sou capaz de envolver toda a sociedade brasileira e resolver o problema do país", disse o ex-presidente. 

Lula prometeu retomar investimentos para a roda econômica voltar a girar; na entrevista, ele também criticou a força-tarefa curitibana e disse que eles se tornaram escravos da Rede Globo. 

Assista à entrevista de Lula:
Lula manda recado a golpistas

Em noite em que reviveu seus melhores discursos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a estrela do lançamento de nova fase do Memorial da Democracia, lançado no final de 2015. A nova etapa do Memorial – construído em parceria com o Projeto República, da Universidade Federal de Minas Gerais – foi lançada na Arena Fonte Nova, em Salvador, com a participação de todas as mais importantes lideranças do partido e representantes de diversas entidades e legendas, como PCdoB, UNE, MST e CUT.

O ex-presidente chegou a Salvador no início da tarde e participou de uma maratona em que uma multidão o cercou por onde passou, desde sua chegada, passando pelo metrô, até chegar à Fonte Nova. Sobre a caravana por nove estados do Nordeste, que iniciou hoje na capital baiana, no projeto "Lula pelo Brasil", afirmou: "Quero andar pelo país para contar ao povo o que está acontecendo neste país".

No discurso, Lula usou como mote a memória e a história para falar, entre outros temas, do golpe que levou Michel Temer ao poder, de cidadania, liberdade e, sem citar nomes, do juiz que proibiu o ato de entrega do título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) e do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB).

Ele se mostrou consciente de ser a liderança capaz de neutralizar as informações mal-intencionadas da mídia tradicional, capitaneada pela família Marinho desde o início do processo do "mensalão" em 2005. "Não é possível que esse povo se informe pela Rede Globo de Televisão", disse. "Não sou nenhum revolucionário, sou um despertador de consciência."

Mencionou 2018 mas não foi conclusivo sobre sua própria candidatura. "Este país tem que se preparar porque em 2018 tem que colocar uma pessoa democrata para governar, e a gente tem que começar a se organizar já. Vocês sabem que ainda falta muito tempo. Não existe candidato, mas nós saberemos quem é o candidato na hora certa", afirmou. E mostrou disposição incomum para quem é diuturnamente perseguido pelo Judiciário e pela mídia. "Tô com 71 anos, mas com vontade de lutar como se tivesse 30."

Usou de ironia para comentar a suspensão da cerimônia de entrega do título honoris causa, cancelada por pedido do vereador Alexandre Aleluia (DEM). "Queria falar ao vereador que ele tem o direito de não gostar de mim, porque ele é do DEM e não precisa gostar de mim, porque eu também não gosto dele", afirmou, enfatizando não ser por motivos pessoais, mas ideológicos. "Todo mundo sabe o que eu fiz na Bahia. Eles têm medo pelo que nós vamos fazer daqui pra frente."

Segundo Lula, os governos do PT e a democracia têm raízes no país. "A ideia da liberdade, da democracia, da participação social é muito forte. Não adianta achar que acabando com Lula acaba com isso."

Acusou os golpistas de "truncarem a democracia" ao derrubar Dilma e prometeu: "Vocês vão pagar com a mesma moeda o que fizeram com a democracia brasileira. E em 2018 a gente vai eleger uma pessoa democraticamente."

Em noite em que o tema era a memória, assinalou: "É importante reconstituir a história, porque a história é contada pelos dominadores, a gente aprende a história que os dominadores quiseram", disse. "Os que deram o golpe de 64 nunca aceitaram a palavra golpe, diziam que vieram pra consertar o Brasil que estava sendo entregue aos comunistas." Lembrou que a dominação no Brasil começou na Bahia, em cujo litoral, segundo os livros de história, a frota de Pedro Álvares Cabral chegou em 22 de abril de 1500.

Doria e Temer

Lula convidou o presidente Temer a se retirar da presidência da República. "Tem mais gente na rua hoje do que quando eu cheguei na presidência', disse. "Se um governante não tem competência pra resolver a crise e começa a vender o patrimônio deste país, esse governo tem que pedir desculpas e ir embora, porque não serve para governar."

E ironizou o prefeito João Doria: "Se o prefeito de São Paulo já invadiu a Cracolândia, imagina se fizermos um Museu da Democracia na Cracolância". Foi uma referência à interdição, por ação do Ministério Público, que moveu ação contra a cessão de um terreno municipal no centro de São Paulo para a construção de um museu que o MP afirmou que serviria para "divulgação da imagem" de Lula.

As dificuldades práticas para criação de um museu físico, com documentos, imagens e objetos que comporiam um espaço de reflexão sobre a construção do país a partir da República levaram à criação do museu virtual. O Memorial da Democracia, que teve hoje a apresentação de mais um fragmento dessa história. (Da RBA)

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