Dino manda PF apurar violência de gênero contra Fátima e Natália

 Parlamentares mulheres apresentaram documentos que indicam aumento nos casos de violência política

Ministro Flávio Dino se encontrou com parlamentares mulheres durante visita ao Rio Grande do Norte na segunda 20 - Foto: Elisa Elsie/Governo do RN

Logo depois de visitar o Rio Grande do Norte, na última segunda-feira 20, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, enviou uma determinação de instauração de inquérito à Polícia Federal (PF) para investigar possíveis casos de violência política de gênero.

Em pronunciamento a jornalistas após retornar a Brasília, Dino explicou que essa ação foi motivada por pedidos de parlamentares mulheres, que apresentaram documentos que indicam um aumento nos casos de violência política contra mulheres.

No ofício, o ministro da Justiça citou que tomou conhecimento de “postagens ameaçadoras” contra políticas mulheres, entre elas a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), e a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN).

“Em todos esses casos, houve narrativas de recentes eventos que configuram violência política de gênero. Tais episódios se somam a outros ataques contra agentes políticas femininas, de vários partidos e em vários Estados, gerando ampla repercussão interestadual e com forte potencialidade de exclusão das mulheres da política, em razão de intimidação, ameaças, agressões morais, etc”, escreveu o ministro, no ofício.

Na coletiva, voltou a falar sobre o assunto: “Recebi a senadora Soraya Thronicke (União Brasil) na semana passada, depois a representação da bancada do PSOL da câmara e também informações da governadora Fátima Bezerra e da deputada Natália Bonavides. Todas elas apontando o recrudescimento, o aumento nos casos de violência política de gênero no Brasil”.

Segundo Dino, o inquérito visa a apuração de dois crimes, que juntos preveem penas de até 10 anos de prisão.

Flávio Dino também disse que o tema se trata de uma atribuição central do ministério, que tem obrigação de tomar as medidas legais contra práticas que enfraqueçam a democracia.

“A violência política de gênero está crescendo, se avolumando como uma tentativa de silenciamento da voz feminina na política brasileira”, afirmou Dino.

“Temos hoje uma definição do ministério de que a PF vai tratar esses casos como crimes federais, ultrapassando a ideia de crimes contra a honra apenas”, concluiu.

Crise no Rio Grande do Norte tem lado “invisibilizado”, afirma ministro

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta terça-feira 21 que há um lado “invisibilizado” da crise de segurança no estado do Rio Grande do Norte e que envolve a misoginia, pelo fato de haver mulheres atuando como líderes, ocupando espaços públicos tradicionalmente ocupados por homens.

A afirmação foi feita durante o encontro nacional Segurança Pública e o Enfrentamento à Violência contra a Mulher, na sede do ministério, em Brasília. Na oportunidade, Dino falou sobre a visita que fez na segunda-feira 20 à capital do estado, Natal, para acompanhar “a crise de segurança pública que está sendo enfrentada com muita firmeza pela governadora Fátima Bezerra”.

“Quando cheguei, identifiquei que havia duas crises: uma visível e uma invisibilizada. A visível era aquela relativa à emergência do fenômeno do crime organizado que, como sabemos, há décadas questiona as autoridades nacionais e internacionais”, disse o ministro.

“A crise inviabilizada, contudo, era a violência política de gênero. Infelizmente, uma das parlamentares que acompanharam a crise me mostrou uma mensagem em seu celular, que a culpava pela crise; dizia que era dela a culpa da crise, por ser mulher; e que, por isso, ela, que deveria estar em casa lavando as roupas íntimas do marido e que estava indevidamente ocupando espaço público, ajudando os bandidos”, acrescentou o ministro.

Dino disse que as mensagens mostradas pela parlamentar foram comentadas durante o encontro que teve com a governadora Fátima Bezerra e com outras profissionais mulheres da área de segurança estadual.

AGORA RN

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