Compacto foi lançado em 64

“Em 1964, o Capitão Bulcão, então responsável pela Barreira do Inferno, também era da diretoria do América. Eles estavam gravando um compacto promocional sobre os bailes do clube e o frevo-canção ‘Barreira do Inferno’ acabou sendo incluído”, recorda o abecedista. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE localizou o compacto nos arquivos da Rádio Globo/Cabugi, onde, além de “Barreira do Inferno”, também estão registradas as canções “Vem querida”, de Aurino Francisco, e duas de Dosinho: “Não se faça de doido não” e “Mandando Brasa!”.

Tradicionalmente, os bailes elegiam a melhor música do Carnaval, e naquele ano (1964, ) ele lembra, as favoritas eram ‘Barreira...’ e ‘Não se faça de doido não’. “Claro que não dava para competir com Dosinho”, declarou Magnus Kelly.

Segundo Kelly, em 1995 o Coronel Aviador (Mário Ossamu) Nakamitis pensou em adotar um hino para o centro de lançamento e acabaram chegando até a música de Magnus. “A banda da Barreira do Inferno transformou o frevo-canção em marcha rancho, e desconheço se essa versão chegou a ser gravada. Mas sei que sempre é executada nos desfiles como um dos hinos oficiais da Barreira”, disse.

Questionado se irá compor uma marchinha em homenagem à passagem da presidenta Dilma Rousseff pelo centro de lançamento localizado em Pium, Parnamirim, Magnus desconversa: “Vou pensar no assunto”.

Ninguém esquece um frevo de Dosinho

Outro personagem desse Sábado de Zé Pereira é o experiente Claudionor Batista de Oliveira, que contabiliza seus 83 anos de Carnaval. Mais conhecido como Dosinho, ele informa que 2011 vai ser diferente: “Não irei lançar disco independente este ano, pois a gravadora onde edito minhas músicas no Recife está lançando dois CDs com músicas minhas. Aí complica ser concorrente meu próprio concorrente”, diverte-se o sempre bem humorado Dosinho.

Os discos promocionais que estão saindo na capital pernambucana trazem músicas já lançadas anteriormente: “Carnaval com Bin Laden” e “Dólar na cueca”, mas o potiguar adianta que está preparando nova composição que “fala sobre um lava jato para lavar ficha de políticos”, revela.

Escute a Marchinha Carnaval com Bin Laden


Escute a Marchinha Dolar na Cueca


Apesar do frevo ser pouco executado nas rádios natalenses, em Recife Dosinho é tratado como merece: “Mesmo se eu fosse dez não daria conta da demanda de shows, eventos, entrevistas...”, garante. “Eu nem distribuo mais meus discos nas rádios aqui de Natal”, lamenta.

Dos antigos compositores, do quilate de Capiba e Nelson Ferreira, Dosinho é o único que permanece em plena atividade. Começou sua carreira artística na década 1940, no Rio de Janeiro, onde trabalhou na Rádio Nacional e na Gravadora Copacabana. Já teve músicas gravadas por Claudionor Germano, Tri Guarany, Alceu Valença, Antônio Nóbrega e Silvério Pessoa.

“Noto que há um novo ciclo de interesse pela marchinha. Estão realizando concursos no Rio, e este ano terá até um bloco na Bahia puxado exclusivamente por marchinhas”, anima-se. “Antigamente ouvíamos de longe as pessoas no salão cantando os sambas de Carnaval, hoje, com os sambas-enredo, perdemos essa tradição: as letras são compridas demais”, observa. O compositor ainda não decidiu se irá para Recife, pois recebeu muitos convites de amigos e o “pessoal do condomínio onde moro faz questão de minha presença”, finaliza.

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