A organização dos traficantes de drogas na Grande Natal já atingiu um novo patamar: a formação de um consórcio para a facilitação da compra, transporte e revenda de entorpecentes. Os investimentos iniciais, no entanto, foram desperdiçados após apreensão recorde da Polícia Federal na noite da quinta-feira passada. Ao todo, foram apreendidos 814 quilos de maconha e 17 quilos de cocaína em um sítio localizado em São José de Mipibu - Grande Natal. Para a PF, os traficantes organizaram um "consórcio" para transportar a carga de uma só vez para o Estado e correr menos riscos.
Divulgação/PFPF faz a maior apreensão de maconha da história do RN
A investigação continua com o objetivo de se alcançar os mentores do negócio ilícito, assim como quem iria receber os entorpecentes na capital. Expedito Dias dos Santos e Francisco Matias foram encontrados no sítio e autuados por tráfico de drogas e associação para o tráfico. A PF não acredita, no entanto, que os homens sejam peças-chave na negociação de compra e transporte da quantidade de drogas. A operação que contou com o apoio de agentes da Polícia Rodoviária Federal foi denominada de "Colossal", dada a quantidade de maconha e cocaína apreendidas. Por trinta dias, agentes investigaram o imóvel em São José, que foi denunciado anonimamente à polícia. Por vezes, foi registrado movimentos de veículos no local.
Na noite da quinta-feira, porém, um caminhão tipo baú se encaminhou ao sítio - que mantinha forte esquema de segurança -, com o grande carregamento de drogas. Os tabletes estavam inseridos em pedaços de madeira tipo MDF, que se passavam por maciça. O "esconderijo" foi considerado inovador e não deixava brechas para suspeitas.
Os caixotes estavam camuflados de maneira a passar despercebidos, dispondo de fino acabamento, como se fossem tábuas de madeira maciça - sem parafuso ou pregos -, tanto que só foi possível abri-los com serra elétrica.
Foi justamente o ruído das serras que fez com que os agentes invadissem o imóvel e flagrassem a primeira distribuição que estava ocorrendo. Um veículo tipo Siena de cor branca já estava com a mala carregada de maconha para distribuição na Grande Natal.
Os homens foram detidos com um revólver e uma pistola. Expedito Dias confessou que foi contatado há cerca de um mês e sabia que o negócio envolvia drogas. Receberia R$ 5 mil pelo serviço de guarda e transferência. Já Francisco Matias disse ter sido contratado como caseiro e não sabia que o local recebia drogas.
O advogado Antônio Carlos de Souza Oliveira, que representa a dupla na Justiça, irá tentar o relaxamento da prisão de Matias. Ambos estão detidos no Centro de Detenção Provisório de Pirangi. "Ambos não possuem antecedentes criminais e certamente trabalhavam como mulas de grandes traficantes. Certamente, não se envolveram no negócio e estavam realizando a guarda. Pedirei o relaxamento da prisão do Matias. No caso de Expedito é mais difícil, já que houve a confissão", esclareceu o advogado.
As investigações continuam, uma vez que durante o período de campana dos agentes outros veículos foram vistos e poderão indicar os demais participantes do esquema. "Os dois homens apontam o nome de 'Galego' como o contratante do serviço. O negócio certamente envolvia outros traficantes e vamos tentar chegar até eles", informou o superintendente da PF, Marcelo Mosele.
Traficantes se unem para diminuir riscos
A Polícia Federal acredita que está ocorrendo um consórcio entre os traficantes da Grande Natal. Os criminosos estariam somando esforços para realizara empreitada criminosa, atuando em conjunto para a transferência dos entorpecentes.
As investigações prosseguem no sentido de identificar a participação de outras pessoas. "A droga provavelmente é oriunda do Paraguai. Realizando esse consórcio, eles tinham um risco único", disse Marcelo Mosele superintendente da PF.
A apreensão de 814 quilos de maconha representou a quebra de mais um recorde da Polícia Federal no RN. O trabalho da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) vem se destacando durante este ano. Em março, foram 45 quilos de cocaína pura encontrados. Em fevereiro, foram 161 quilos de crack. Marcelo Mosele ressalta o trabalho. "São grandes investigações da DRE realizadas durante este ano".
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