Patu 2001 – Movimento Revolucionário Completa 15 Anos


Patu 2001

Movimento Revolucionário Completa 15 Anos
(1997-2012)
                De natureza sócio-política, de inspiração revolucionária, o Movimento Patu 2001 foi fundado em 18 de outubro de 1997, na cidade de Patu, no sertão do Rio Grande do Norte, por um grupo de ativistas culturais, com o objetivo de fomentar alternativas de desenvolvimento sustentável para a região da caatinga que pudessem repercutir em alguns caminhos da experiência humana no planeta Terra, instigando discussões cosmogônicas e fomentando eventos sobre energia, etnia, comunicação, saúde mental, fenômenos geohistóricos e história das artes.
Uma pesquisa de Dudé Viana
                        Os preâmbulos do Movimento Patu 2001 estão vinculados à realização da Jornada Universitária de Patu, em 1987, pela Associação Cultural Universitária Patuense (ACUP). Dez anos antes da formulação do movimento, a jornada foi considerado o maior evento sócio-cultural do médio-oeste potiguar, oportunizando inclusive o lançamento do famoso livro “Dudé ou Dedé”, baseado numa pesquisa do escritor Dudé Viana sobre o “assalto dos 94 milhões”, no início dos anos 80 do século passado, um dos marcos históricos da criminalidade moderna.
História de Quadrinhos
                           O fenômeno geohistórico do cangaço pré-lampiônico correspondente ao conflito dos “Brilhantes com os Limões”, ocorrido na segunda metade do século XIX, foi alvo das preocupações culturais do Movimento. Antes, porém, nos seus preâmbulos representados pela realização da Jornada Universitária de 1987 foi viabilizada a segunda edição de “Jesuíno Brilhante”, em história de quadrinhos, de autoria de Emanoel Amaral e Aucides Sales, que serviu de inspiração para o movimento promover um novo ciclo de investigação histórico-social sobre esta importante passagem da história brasileira, resultando na formulação da dissertação de mestrado: “Lugares de Memória – Jesuíno Brilhante e os Testemunhos do Cangaço no Oeste do Rio Grande do Norte e Fronteira Paraibana” (UFPB 2010), da professora Lúcia Holanda, e  no lançamento do livro “A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”, em julho de 2011, do médico psiquiatra Epitácio de Andrade Filho, fundador do Movimento Patu 2001.
Epitácio Andrade e Quilombolas do Jatobá
.                          Mobilizador dos segmentos sociais e étnicos menos favorecidos da população sertaneja, o Movimento Patu 2001 iniciou o resgate histórico da comunidade quilombola do Jatobá, cuja imissão coletiva da posse ocorreu no último 20 de novembro de 2012, dia da consciência negra, constituindo-se num dos processos mais avançados de regularização fundiária de uma comunidade tradicional do Brasil.
Visita de Dona Chica Brejeira ao Jatobá
                           Entre as iniciativas desenvolvidas pelo Movimento na comunidade quilombola do Jatobá, localizada na zona rural de Patu, está a construção das articulações com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), com a participação decisiva do engenheiro agrônomo Francisco Rodrigues (Kavei), e a viabilização da visita da cidadã centenária de maior longevidade já registrada no país, Dona Chica Brejeira (1884-2002), em 1999, quando estava com 115 anos.
Bangalô na estrada do Jatobá
                              O Movimento Patu 2001 mostrou a riqueza cultural da pobre comunidade quilombola do Jatobá ao mundo com poesia. Num velho bangalô da estrada do Jatobá expôs uma faixa-poema: “Sítio arqueológico do Jatobá a 10 km a frente, há 10 mil anos atrás”.
Nem só o bangalô da estrada do Jatobá foi alvo das intervenções de faixas-poema do Movimento Patu 2001, mas todo o município. Em 14 de março de 1997, dia nacional da poesia, foi realização o I Encontro dos Poetas Patuenses, com as presenças dos poetas Zé Bezerra e Antônio Apolinário, do cordelista Zé de Alzerina e da poetisa Maria Celi Suassuna Leite, que mais tarde comporia o hino da cidade altaneira.
Hino de Patu RN
Letra/Música: Maria Celi Suassuna Leite
Ao pé e sombra da serra altaneira
Em sol brilhante, Patu ressurgiu
Terra querida, por nós tão amada
Com céu estrelas aurora e luar
Com o teu vento soprando a história {bis}
De esplendor tradição secular
ESTRIBILHO
Nós somos seu povo
Ardente história
Valor cultural
Existência e memória
Do nascer ao morrer {bis}
Tua glória

II
Teus filhos índios eternos guerreiros
A terra deram denominação
Cariris bravos que primeiro viram
Do fértil solo gigante riqueza
Coma origem de tribo habitante
Deram a Patu tuas almas em nobreza {bis}

ESTRIBILHO
Nós somos teu povo
Ardente história
Valor cultural
Resistência e memória
Do nascer ao morrer {bis}
Tua glória
III
A nossa terra querida Patu
Linguagem indígena montanha sonora
Somos teus filhos e ti cantamos
Teu belo hino de amor e de glória
Nossos valores somados farão
Constante luta progresso e vitória {bis}

ESTRIBILHO
Nós somos teu povo
Ardente história
Valor cultural
Resistência e memória
Do nascer ao morrer {bis}
Tua glória
IV
Terra de ilustres batalhadores
Que na saudade lembrança mergulha
Vultos históricos, que o tempo levou
Neste hino memória cantar
Cada herói que o nome deixou {bis}
No livro terra em letras lembrar

ESTRIBILHO
Nós somos teu povo
Ardente história
Valor cultural
Resistência e memória
Do nascer ao morrer {bis}
Tua glória
V
Linda muralha da natureza
Resplandecente divina criação
Serra do lima com tanta beleza
O santuário que é o nosso brasão
Salve! Patu salve! tua nobreza
Canta teu povo, do amor a canção {bis}
ESTRIBILHO
Nós somos teu povo
Ardente história
Valor cultural
Resistência e memória
Do nascer ao morrer {bis}
Tua glória
Rádio antigo
                     Percebendo a efervescência cultural com o surgimento de novas construções sociais, o Movimento Patu 2001 decidiu desencadear um processo de democratização da informação no sertão potiguar, em parceria com o ‘expert’ em tecnologias da comunicação João Batista de Moura, com o professor Aluísio Dutra e com o cantor Galego Vovô, dentre outros, passando a discutir um instrumental teórico-prático de radiodifusão comunitária, por meio da realização anual de encontros que tematizaram comunicação alternativa com saúde mental, a partir do ano de 1999. Foram realizados encontros no hospital de Janduís, no Santuário do Lima em Patu, na secretaria paroquial de Martins e na Prefeitura de Rafael Fernandes, resultando na implantação de experiências de radiodifusão comunitária que persistem até hoje ou foram alvo da perseguição da repressão oficial dos tempos da década perdida. O último encontro realizado contou com a participação dos usuários do programa “Porque hoje é Sábado” da Rádio Rural de Caicó, uma experiência de rádio-teatro com pacientes em atenção psicossocial.
Pedra fundamental da Saúde mental do médio-oeste
                       Com as presenças das professoras Raimunda Cleonice Dantas, Isabel Saraiva Forte e Vanda Godeiro Carlos, do “artífice de ferro” Luiz Saraiva, do artesão-cantareiro José Pernambuco, de profissionais da saúde e estudantes, o médico psiquiatra e pesquisador social Epitácio de Andrade Filho com sua família, no dia 09 de abril de 1997, comemorou seu aniversário no Hospital-maternidade Dr. Aderson Dutra, lançando a pedra fundamental da saúde mental no médio-oeste do Rio Grande do Norte, o embrião do que seria mais tarde o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS/Patu).
João de Artur com Epitácio Andrade
                     Realizando duas edições da mostra de etnopsiquiatria, o Movimento Patu 2001 sempre procurou integrar nas suas intervenções o campo cultural com a saúde mental. No resgate histórico do grupo folclórico “O Boi de João de Artur”, inventado em 1976, foi possibilitada a alternativa de diversão e arte para os segmentos mais pobres da população. Ao grupo inicial de três brinquedos alegóricos, foram somados a boneca Gabriela e o boneco Cascudão, trazendo ingredientes culturais à manifestação folclórica, que passou a percorrer o nordeste brasileiro e fazer apresentações com grandes nomes da música nacional, como o cantor Lobão, e com artistas potiguares.
João de Artur com Lobão e músicos potiguares
                     O Movimento Patu 2001 fez importantes parcerias com expoentes do cenário cultural potiguar como o artista multimídia J. Medeiros, autor da obra “Os 100 Terras”, usada como estratégia pedagógica para o desenvolvimento da consciência política de trabalhadores rurais, em articulação com Pola Pinto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Messias Targino, e com o artista plástico Ricardo Veriano, autor da tela “Desarme-se”, obra que tematiza a questão da violência e que o movimento utilizou como recurso didático para a construção da cultura da paz.
“Desarme-se”, de Ricardo Veriano.
                              Neste próximo dia 15 de dezembro, das 10 as 22 horas, no Bar do cantor Cláudio Saraiva, no cruzamento da Rua Aníbal Brandão com a Rua Sucupira, em Nova Parnamirim, grande Natal, capital do Rio Grande do Norte, os militantes e simpatizantes do Movimento Patu 2001 estarão reunidos para comemorar os 15 anos de conquistas e vitórias, com música, diversão, arte e outros alimentos necessários para a plenitude da existência humana.
Postado por às 03:05
Fonte: http://epitacioandradefilho.blogspot.com.br

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