Obras em muro de contenção alertam moradores de Mãe Luiza


O desabamento de uma casa em Mãe Luiza, no final de semana, disparou o alerta de moradores para o período de chuva. Posicionada na região baixa da rua Guanabara, o endereço de nº 122 foi afetado com um volume de água e areia que invadiu a residência e fez com que a família proprietária perdesse móveis e eletrodomésticos. Ainda no domingo, a Defesa Civil do município limpou bocas de lobo e tapou o buraco de dez metros aberto na área onde fica o muro de arrimo (ou contenção) de forma emergencial.
Já na terça-feira (19), o reparo da mureta que caiu diante da residência foi iniciado por uma equipe da Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi), com a promessa de estender a intervenção por 50 metros – área referente ao trecho mais problemático da rua Guanabara. A reportagem esteve no local, na manhã desta quarta-feira (20), e viu a movimentação de funcionários de uma empresa terceirizada pelo referido órgão público.
Encarregado de vias pavimentadas da Semopi, José Batista da Costa fiscalizava o serviço para proteger as casas de novas chuvas. “Aqui o problema é um velho conhecido: as pessoas jogam lixo na rua, que entope as bocas de lobo, e depois reclamam que está tudo alagado. O que aconteceu aqui [na rua Guanabara] foi que a água não tinha para onde escoar, a não ser por cima da mureta, e foi parar na casa dessa mulher”.
A reclamação de José Batista envolve ameaças que teria recebido de moradores favoráveis ao lixo exposto na rua. “A gente pede para eles não jogarem, mas eles continuam. Eu estou aqui trabalhando, e eles dizem que não têm onde botar, até mesmo de forma agressiva, ameaçando com tom violento”. Na dependência das chuvas para concluir a obra, o plano da equipe da Semopi é ficar, no máximo, 15 dias para recuperar a mureta com 50 metros de extensão e 2,5 metros de profundidade.
Na hora em que a reportagem esteve na rua Guanabara, a casa inundada estava fechada, mas Dona Iracema Andrade da Silva, mãe do proprietário, 84 anos, contou a realidade da região mais baixa de Mãe Luiza. Ela mora há mais de 50 anos no bairro e também enfrentou dificuldades durante o final de semana. “Aqui ficou cheio de lama porque tem esse buraco aí [aponta em direção à rua, no alto],  por onde passou a água. Eu sou velha, tenho problema no olho, e fiquei desesperada, sem saber o que fazer. Ainda bem que meu outro filho, que mora comigo, estava aqui”.
A anciã vive de uma aposentadoria deixada pelo marido morto décadas atrás e, sozinha, lava roupa, cozinha e cuida de poucos pertences. Sua casa fica ao lado de uma escadaria, o que contribui para o fluxo de água amendrontá-la. “O pior é que foi o carro da Urbana que destruiu o muro”. Segundo o próprio José Batista, a retroescavadeira da empresa privada que recolhe o lixo fica em uma situação difícil, diante da falha dos moradores em jogar os sacos em locais inapropriados. “É uma máquina grande que não tem como ser tão cuidadosa na hora de pegar um saco plástico”.
Trecho de Natal em constante cobrança do poder público quanto a cuidados com desabamentos em períodos de chuva, Mãe Luiza, de acordo com a assessoria do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), está livre, desde 2011, de construções em áreas passíveis de desabamentos dentro do Parque das Dunas. O que transfere a atenção maior para o lado voltado para a praia de Areia Preta. A reportagem tentou contato com o secretário municipal de Segurança Pública e Defesa Social (Semdes), Osair Vasconcelos, que alegou estar em reunião com a equipe técnica.
Fonte: JH

Nenhum comentário:

Postar um comentário