Passarelas sem manutenção na capital representam risco iminente para os pedestres


Algumas estruturas de concreto que estão por cima de muitas vias da cidade – denominadas passarelas de pedestres – chamam a atenção de muitas pessoas pela estrutura desgastada e sem segurança. As passarelas são uma espécie de ponte construída em vias de tráfego intenso a fim de que os pedestres não corram o risco de serem atropelados. Entretanto, com a estrutura de concreto desgastada e as ligas metálicas das grades de proteção enferrujadas, há quem prefira nem chegar perto.
A passarela localizada sobre a avenida Salgado Filho, no bairro de Lagoa Nova, apresenta avarias na sua estrutura. Em área de grande movimentação, onde estão próximos diversos comércios de rua, escolas e centros religiosos, a estrutura deveria servir de utilidade para centenas de pessoas que trafegam pela área diariamente. Entretanto, a má conservação física acaba levando homens, mulheres e crianças se arriscarem por entre as velocidades dos veículos.
Aparentemente, a obra está incompleta, já que a rampa que dá acesso à passarela não conta com blocos de concreto para a passagem da população. Ao subir as escadas, percebe-se a degradação do ambiente, com pichações e ferrugem das grades de proteção – algumas completamente quebradas, além de um forte mau cheiro de urina. O espaço destinado a um elevador já está lacrado com tijolos e cimento. Na estrutura superior, um morador de rua dormia, enquanto uma pessoa que preferiu não se identificar passou reclamando do perigo que era atravessar utilizando aquela passarela.
Já ocorreram em Natal alguns acidentes em passarelas, que já deveriam ter servido de alerta para as autoridades locais. O que se constata atualmente ao longo das principais passarelas entre Natal e Emaús (Salgado Filho, Potilândia, Mirassol, Neópolis e Emáus), além da passarela das Quintas, é a existência de grades de proteção sem pintura anticorrosiva, corrosão em suas estruturas de aço com perda de seção, pilares de concreto armado com corrosão em suas armaduras, elevador sem funcionamento, espaçamento do concreto das rampas de acesso e infiltrações de água nas estruturas.
Com o agravante da mínima fiscalização existente por parte dos órgãos competentes e da inexistência de manutenção nestas estruturas, resta esperar o colapso estrutural de uma passarela ou a morte de pessoas para se tomarem providências. Procurado pela reportagem de O Jornal de Hoje, o secretário municipal de Serviços Urbanos, Raniere Barbosa, informou que a responsabilidade de manutenção e limpeza das passarelas é do Governo Estadual e/ou Federal.
“Tem algumas questões administrativas que a população não costuma entender. Um canteiro de rua e calçadão, por exemplo, a responsabilidade é da Semsur. Porém outras secretarias compartilham algumas atividades. A responsabilidade das passarelas é do Governo do Estado, através do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) ou do Governo Federal, pelo Departamento Nacional de infraestrutura de Transporte (Dnit)”, disse Raniere.
“A população cobra pelo fato das passarelas estarem dentro de uma área urbana, mas não temos a competência de fazer nada que o Governo Federal tenha jurisdição. Se fizermos algo, recebemos um processo”, afirmou o secretário da Semsur, relembrando um caso de sua última gestão. “Na primeira administração de Carlos Eduardo, onde eu também fui secretário dessa pasta, nós recuperamos um buraco na Ponte Velha. Dias depois fomos notificados porque agimos sem autorização. Eles não fazem nada, nem deixam a gente fazer”.
Para Raniere Barbosa, isso é reflexo do sistema administrativo burocrático no Brasil. “Precisamos urgentemente de uma reforma política, tributária e administrativa. Mas enquanto isso não acontece, a Prefeitura não pode se responsabilizar pelo que não é de sua ordem. Não temos autorização nem para colocar uma lâmpada nas passarelas. Nosso dever é apenas a limpeza até a entrada das passarelas. Temos um projeto de iluminação consequente da administração passadas, mas não podemos tocar para frente”, disse.
Apenas a passarela de Salgado Filho, citada acima no início da reportagem, é de ordem da Prefeitura de Natal, sob apreciação da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) e do STTU, segundo informou o secretário da Semsur. A reportagem entrou em contato com Elequicina Santos, responsável pela Semob, que informou já possuir projeto de readequação, mas ainda precisa discutir viabilidade da causa.
A passarela de Mirassol, estrutura que liga dois grandes centros comerciais de Natal, está com a estrutura comprometida. A constatação é fruto da observação da equipe de reportagem. Por dia, centenas de pessoas utilizam a estrutura para ir de Mirassol a Candelária, e o caminho inverso. Pela manhã e no início da noite são registrados os horários de pico, em que o tráfego no local estreito fica comprometido. Foi notado ferrugem nas grades de proteção, assim como nas estruturas aparentes em colunas e ao longo da passarela. Foi percebido que por vezes, a estrutura balança apenas com a intensificação do vento.
Localizada no bairro de Potilândia, outra passarela apresenta ferrugens ao longo de toda a sua grade de proteção ao pedestre. Em alguns pontos, galhos de uma árvore próxima invadem a passagem e prejudicam o tráfego normal das pessoas. A população reclama da estrutura aparentemente deficiente.
Fonte: Jornal Hoje

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