Prefeitura ainda não tem recursos para recuperar calçadão


A erosão marítima não tem castigado apenas a praia de Ponta Negra. Desde o ano passado, as praias dos Artistas, do Meio e do Forte também vem sofrendo a ação marítima. Em uma breve caminhada pela orla das praias da zona Leste da capital é possível constatar inúmeros buracos, afundamentos e boa parte do calçadão deteriorado. A situação mais crítica pode-se perceber na praia do Forte, próximo ao Monumento à Bíblia, onde existe uma cratera de aproximadamente 50 metros. Ao longo da orla, apesar das crateras, não há nenhuma forma de isolamento, o que aumenta ainda mais o risco de acidente.
A reportagem de O Jornal de Hoje percorreu na manhã desta terça-feira (19), o calçadão da Praia dos Artistas até a Praia do Forte. Apenas na Praia dos Artistas são dez buracos, alguns que tomam conta de boa parte do calçadão. Em frente ao Centro de Artesanato, o mar avançou e abriu um buraco no calçadão que chegou a ‘engolir’ um quiosque. Por segurança, o quiosque foi transferido para poucos metros depois.
Um pouco mais a frente, uma nova cratera no calçadão. Esta em maior proporção. Francisca Soares Ilário trabalha na praia há 45 anos e é proprietária de um quiosque ao lado da cratera, o quiosque dois. Ela conta que a Prefeitura chegou a interditar, mas que a própria população retirou as telas de proteção. No entanto, ela lembra que desde as marés altas de agosto do ano passado, que o calçadão começou a ruir e que a administração passada não tomou nenhuma providência. “Essa situação tem refletido diretamente na queda das vendas e os poucos turistas que ainda vem para cá tem reclamado constantemente dessa situação de abandono. Em todo esse tempo de trabalho na praia nunca vi uma situação tão caótica como essa que estamos passando agora”, desabafou a comerciante.
Seguindo pelo calçadão, poucos metros depois do quiosque de dona Francisca um novo buraco. Desta vez ao lado do ponto de ônibus. As pessoas que esperam pelo transporte correm o risco, de a qualquer momento, outra parte do calçadão ceder e trazer danos aos pedestres. A má iluminação noturna também tem propiciado casos de acidente. Já que a Prefeitura não interdita o local, a população improvisou e colocou um cano metálico enferrujado no local para sinalizar e indicar o perigo.
Pela extensão mais buracos. Em alguns, a população colocou metralha para minimizar os riscos. Na praia do Meio, o problema não são bem os buracos causados pela erosão marítima, mas sim pelo desgaste e pela falta de manutenção no calçadão. No trecho entre o antigo Hotel Reis Magos até a estátua de Iemanjá, boa parte da Calçada Portuguesa já foi retirada e o passeio público encontra-se apenas na areia. Mais adiante, já na Praia do Forte, a cratera completou mais de quatro anos sem que nenhuma providência fosse tomada. Parte do calçadão ruiu no réveillon de 2009 e de lá para cá o mar vem destruindo, a cada maré, o que restou do calçadão.
O ambulante Rogério Pedra trabalha há oito anos vendendo água de coco na praia dos Artistas. Ele conta que tem se tornado comum as pessoas se acidentarem e caírem nos buracos. “Até a própria cavalaria da Polícia já caiu no buraco. O calçadão é utilizado como pista de caminhada e corridas por muita gente e na displicência terminam caindo nos buracos”, afirmou o comerciante. Rogério conta que alguns técnicos estiveram no local nos últimos dias e que o próprio prefeito, que caminha diariamente na orla, se comprometeu a resolver o problema. “O prefeito passou aqui hoje e disse que vai transformar essa realidade. Esperamos que isso venha a acontecer o quanto antes”, destacou.
O agenciador de turismo Wellington Ferreira reclama do descaso com as praias do litoral Leste. “Os turistas têm reclamado bastante, achado horrível por não poder nem caminhar pela orla em segurança. Muitos chegam e quando veem a situação preferem ir para outras praias. Toda essa situação de abandono tem refletido diretamente nas vendas. Ano passado consegui vender cerca de R$ 5 mil, este ano não cheguei nem a R$ 1 mil. Além disso, a taxa de ocupação dos hotéis da região está baixíssima”, afirmou Wellington Ferreira.
Na gestão passada, a responsabilidade pelo calçadão da orla das praias urbanas de Natal era de responsabilidade da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur). Agora, na gestão de Carlos Eduardo, a responsabilidade foi transferida para a Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi), que ficará responsável pelas obras de recuperação, restauração e contenção. De acordo com Raniere Barbosa, atual secretário de Serviços Urbanos, após a obra, a Semsur se encarregará da manutenção.
O titular da Semopi, Rogério Mariz, explicou que uma equipe de técnicos da Secretaria de Obras começou hoje um trabalho de levantamento dos danos causados no calçadão entre as praias de Areia Preta e do Forte e a expectativa é que até a próxima sexta-feira (22), o trabalho seja concluído. “A nossa ideia é fazer um levantamento não apenas do calçadão danificado, mas também dos guardas corpos e das escadas. Na sexta-feira concluiremos o levantamento e teremos a dimensão real dos danos e de posse do orçamento iremos apresentá-lo ao prefeito”, explicou o secretário.
Rogério Mariz disse que ainda não há orçamento disponível para executar a obra, mas que a Prefeitura deve realizar a recuperação do calçadão com recursos próprios. Em relação à falta de interdição das áreas de risco, o titular da Semopi disse também que, assim que o levantamento for concluído, enviará a Defesa Civil do Município um relatório apontando as áreas mais críticas e que precisam de isolamento.
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