Bibliotecários lamentam realidade da profissão


Com déficit de profissionais, bibliotecas de escolas públicas geralmente são ocupadas por funcionários sem formação na área. Foto: Wellington Rocha
Com déficit de profissionais, bibliotecas de escolas públicas geralmente são ocupadas por funcionários sem formação na área. Foto: Wellington Rocha
Hoje, dia 12 de março, é comemorado o Dia do Bibliotecário. Profissão de suma importância no processo educacional, desde 1958, a data foi estipulada em homenagem ao jornalista, poeta, humorista e publicitário pernambucano Manuel Bastos Tigre, morto um ano antes. Foram 40 anos à frente da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, cidade em que manteve uma ativa produção intelectual. Parceiro de Ary Barroso e Orlando Silva em composições musicais, ele é o autor do slogan “Se é Bayer, é bom”, feito para o laboratório alemão. Mas o que deveria ser motivo de festa, surge como preocupação para potiguares.
Com um déficit de profissionais, escolas públicas, principal foco de políticas de transformação social, têm, em sua maioria, bibliotecas administradas por funcionários despreparados, sem a devida formação na área. Vice-diretora da Biblioteca Zila Mamede e coordenadora de Bibliotecas Setoriais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Magnólia de Carvalho Andrade lamenta a falta de cuidado do poder público com parte fundamental da estrutura de incentivo à leitura.
“Infelizmente, a visão dos governantes não é profissional. Lamentamos o descaso com a cultura e a educação no Estado. Sem desmerecer qualquer categoria profissional, mas faltam bibliotecários exatamente na base da formação do hábito de leitura. É um trabalho conjunto com o professor de sala de aula”, diz a vice-diretora. A UFRN forma entre 30 e 35 bibliotecários todos os anos, contingente que ocupa vagas em instituições de ensino superior (como determina a lei). “Aqui [na biblioteca Zila Mamede] temos um bom número [28], mas e nas escolas da periferia e do Interior? questiona Magnólia.
Mais que um simples orientador sobre a localização de livros requeridos por usuários, o bibliotecário é, segundo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), um Profissional da Informação (assim como o arquivista e museólogo). Para tanto, ele também é encarregado de analisar, sintetizar e organizar livros, revistas, documentos, fotos, filmes e vídeos, além de gerenciar sistemas de informação em bibliotecas e centros de documentação.
É nesse contexto que o trabalho de Martha Nascimento, diretora da divisão de apoio ao usuário, registra sua relevância. São três seções da biblioteca Zila Mamede que mostram o quanto a rede pública está atrasada. “Temos a circulação, onde tratamos dos empréstimos diretos. A informação e referência, em que documentos são pesquisados como um serviço ao usuário. E as coleções especiais, que englobam CDs, vídeos, periódicos, teses. Sem um bibliotecário, não teria como o aluno localizar e entender o funcionamento disso tudo”.
A biblioteca como universo, e como tal, infinito, foi descrita em verso e prosa pelo argentino Jorge Luís Borges (um dos autores que mais usaram o ambiente dos livros em seus escritos). Ele próprio um funcionário da Biblioteca Nacional de Buenos Aires durante nove anos (1937 – 1946), foi no conto “A Biblioteca de Babel” que surgiu uma máxima sobre o valor dos prédios que guardam o saber humano.”[...] Dessa verdade, cujo corolário imediato é a eternidade futura do mundo, nenhuma mente razoável pode duvidar”.

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