M esmo com as chuvas registradas em São Paulo no domingo (18), o nível de água armazenada no Sistema Cantareira voltou a cair. Na sexta-feira (16), a Companhia de Saneamento Básico do estado (Sabesp) registrou reservas de 26,7%. Agora, elas estão em 26,3%
Para o comitê anticrise, esses números estão errados e a situação é ainda mais preocupante. Formado por técnicos da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), o grupo afirma que o nível de reservas é de 22,2%, bem inferior ao informado pela estatal paulista.
A Sabesp não considerou em seus cálculos o acréscimo da quantidade de água do volume morto, o que justificaria a diferença entre os números divulgado.
Enquanto isso, diante das críticas sobre a má gestão dos tucanos no estado, o governo encomendou estudo que atribui a falta de água à estiagem histórica. Entretanto, em 2009, o governador Geraldo Alckmin já havia recebido alertas para tomar medidas contra o colapso eminente.
Relatório elaborado pelo Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tiete apontava, já naquela época, déficits de grande magnitude no Sistema Cantareira.
Agora, para evitar o racionamento de água em ano eleitoral, resta a Alckmin recorrer à polêmica captação do volume morto do Cantareira. A operação, que custará mais R$ 80 milhões aos cofres de São Paulo, ainda levanta dúvidas sobre a qualidade da água que será levada aos lares paulistanos.
Enquanto isso Sabesp e governo batem cabeça. A estatal informou ao comitê anticrise que o uso do “volume morto” seria suficiente para abastecer a Grande São Paulo até o fim de novembro. Já o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, foi mais otimista e garantiu o abastecimento, sem adoção de racionamento generalizado, até março de 2015. Já o diretor de relações com investidores da Sabesp, Mario Sampaio, afirmou recentemente à imprensa que o volume morto garantirá água apenas até outubro.
Por sua vez, o presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu, que acompanha o caso, informou que, sem medidas que limitem o uso d’água, o risco de seca total do Cantareira continua. “Quando se toma uma medida restritiva em benefício dela (sociedade), ela sabe compreender”, contou.
“Se não tomar, corre o risco de secar o volume útil e o volume morto antes das chuvas virem”, completou.
Por Camila Denes, da Agência PT de Notícias
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