Se não chover o suficiente para os reservatórios da região do Seridó receberem novas águas, mais cidades entrarão em colapso no Rio Grande do Norte. De acordo com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), dos 90% dos municípios que estão localizados no semi-árido potiguar, 80% estão em situação crítica, ocasião que exige da secretária e do Governo do Estado a elaboração de um plano emergencial.
O cenário mais preocupante vem se formando em Acari. O Açude Gargalheiras, que tem capacidade para 44,5 milhões de m³ d’água, possui apenas 1,1 milhão de m³ – 2,63% de sua capacidade, de acordo com o último levantamento da Semarh realizado no dia 8 de janeiro de 2015.
“Arrisco dizer que estamos vivendo, talvez, o período mais longo de estiagem dos últimos 50 anos. Com exceção de três reservatórios, a região do semi-árido potiguar está toda preocupante”, comentou o novo secretário de Recursos Hídricos, José Mairton França.
As barragens de Santa Cruz, em Apodi; Umai, em Umarizal; e Armando Ribeiro Gonçalves, em Assu, são as que se apresentam em situação mais confortável, com 40%, 36% e 32% de suas capacidades, respectivamente. Em contrapartida, outros importantes reservatórios aumentam a preocupação do secretário José Mairton França, como a barragem Passagem das Traíras, em Jardim do Seridó, que está com 1,88% da capacidade, e o Açude de Pau dos Ferros, com 1,75%.
“Estamos esperando que venham chuvas. Não temos como mensurar a quantidade necessária para melhorar os reservatórios, mas qualquer chuva, por menor que seja, é bem vinda”, disse, considerando que o Estado não pode ficar apenas na expectativa. Segundo ele, a equipe da Semarh já está concentrada na elaboração de um plano de emergência para convivência em período de estiagem.
“Uma das quatro principais prioridades do Governo Robinson Faria, segundo ele mesmo afirmou, é a construção de uma política de gestão de recursos hídricos, incluindo educação ambiental, uso racional da água pela população e utilização de tecnologias que sirvam para guardar a água que temos. Nossa equipe está estudando as medidas e um prazo para elaborarmos tudo”, comentou. “Iremos traçar as medidas mais adequadas para este momento e depois iremos correr atrás de recursos financeiros”.
De acordo com dados da secretaria, os reservatórios que deverão entrar em situação de emergência nos próximos meses, caso não haja chuva, são o Boqueirão (Parelhas), que está com 13,68% da capacidade; Sabugi (São João do Sabugi), com 13,67%; Itans (Caicó), com 9,27% e Cruzeta, com 7,73%.
Barragem de Oiticica
A barragem de Oiticica, que vem sendo construída no leito do rio Piranhas-Açu, entre os municípios de Caicó e Jucurutu, seria a “carta na manga” do Governo do Estado para atender a situação dos municípios em crise, caso estivesse com as obras em andamento. Porém, as constantes interrupções que a obra vem sofrendo colocam a expectativa de inauguração da barragem apenas para 2017.
“Devido às interrupções, estimamos estar inaugurando a barragem apenas em 2017. Ela terá uma capacidade de 600 milhões de m³, garantindo abastecimento a 17 municípios. O nosso problema, no momento, é o andamento dos projetos sociais. Temos ordem do Governo do Estado para agilizar as ações de indenização às famílias e assim faremos. Acredito que nos próximos dias teremos a situação equacionada e, a medida em que formos pagando, retomaremos a obra”, explicou o secretário da Semarh.
A obra da barragem foi paralisada pela terceira vez pelo Movimento dos Atingidos pela Barragem de Oiticica, que cobram direito dos agricultores ainda não cumpridos pelo Governo do Estado. Nas reivindicações dos agricultores estão o pagamento das indenizações de 127 processos judicializados; conclusão da terraplenagem do Alto do Paiol; a definição de desapropriação de área para construção do novo cemitério de Barra de Santana; garantia financeira para as contrapartidas do projeto geral da barragem e, em especial, para as questões sociais.
do JH
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