SERRA DÁ PASSAPORTE DIPLOMÁTICO A ALIADO DE CUNHA ALVO DA LAVA JATO

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Empossado nesta quarta-feira no Ministério das Relações Exteriores, José Serra (PSDB) concedeu um passaporte diplomático com validade de três anos ao pastor Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus; o líder evangélico é um investigado na Operação Lava Jato, acusado de lavar dinheiro de propina, por meio de sua igreja, para o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ); o benefício concedido pelo governo interino de Michel Temer foi publicado na edição de hoje do Diário Oficial da União; documento permite ao pastor e a sua esposa, a também pastora Keila Ferreira, entrar e sair de qualquer país com relação diplomática com o Brasil sem necessidade de visto; ação em favor do investigado se soma a outras já realizadas em benefício de Cunha

247 - Há menos de uma semana no cargo, para o qual foi empossado oficialmente nesta quarta-feira 18, José Serra (PSDB-SP) concedeu um passaporte diplomático com validade de três anos ao pastor Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus, e à sua esposa, a também pastora Keila Ferreira. O benefício foi publicado na edição de hoje do Diário Oficial da União.
O líder evangélico já havia recebido o passaporte diplomático anteriormente. Em 2013, por exemplo, o benefício foi assinado pelo então chanceler do governo Dilma, Antonio Patriota. Desta vez, no entanto, há um fator gravíssimo: o pastor é investigado na Operação Lava Jato, acusado de lavar dinheiro de propina, por meio de sua igreja, para o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A igreja de Ferreira, em Campinas, interior de São Paulo, recebeu R$ 250 mil do lobista e delator da Lava Jato Julio Camargo, que afirmou em delação premiada que o pagamento era parte da propina de US$ 5 milhões recebida por Cunha.
O passaporte diplomático permite ao pastor e a sua esposa entrar e sair de qualquer país com relação diplomática com o Brasil sem necessidade de visto. O líder evangélico é o primeiro investigado, desde o início da Lava Jato, a ganhar o benefício, só concedido a autoridades.
Procurado pela imprensa, o Itamaraty informou ter se baseado no terceiro parágrafo do artigo sexto do decreto que regulamenta a concessão dos passaportes diplomáticos para conceder o benefício ao pastor. O dispositivo prevê a concessão do documento a pessoas que, embora não estejam relacionadas na lista de quem pode ter o passaporte, "devam portá-lo em função do interesse do país."
A ação do governo interino de Michel Temer em favor de um investigado se soma a outras já concedidas em benefício de Cunha, como a nomeação e aliados do deputado réu para postos estratégicos dentro do Palácio do Planalto, na Esplanada dos Ministérios e na Câmara.
O exemplo mais recente é a quase certa escolha do líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), alvo da Lava Jato, suspeito de tentativa de homicídio e réu em três ações no Supremo Tribunal Federal (STF).

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