Abundância de geração de energia por fontes renováveis, como eólica e a solar fotovoltaica faz do RN um local com potencial relevante, segundo diretor do Senai no Rio Grande do Norte
Parque Eólico de Joao Camara-RN / Foto: divulgação
Energias renováveis são um assunto cada vez mais frequente entre diversas atividades econômicas, principalmente as ligadas à indústria, que tenta se reinventar a ponto de manter a produtividade sem afetar o meio-ambiente. Entre os processos importantes para que a cadeia produtiva não seja prejudicada, está a produção de energia. Conhecido pelo potencial solar e eólico, o Rio Grande do Norte terá pelos próximos anos papel de relevância nacional na produção de hidrogênio verde, segundo especialistas do RN.
No entanto, inicialmente, é necessário definir o que é exatamente o hidrogênio verde. “É um combustível resultado de uma eletrólise, que é um processo químico, onde é usado energia apenas de fonte renovável de forma a assegurar que este combustível não tem geração de gases de efeito estufa. A ideia é usá-lo como qualquer outro combustível ou em automóveis, ou para ser transportado para geração de novo de energia elétrica ou de outras fontes de energia”, definiu Rodrigo Mello, diretor do SENAI e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).
De acordo com o diretor do ISI-ER, muitas vezes energias renováveis não têm como ser transportadas, a não ser em cabos, como é o caso da geração de energia eólica e solar. “Quando a gente pensa em regiões de consumo longe da região de produção, precisa ser transportada sob a forma de algum combustível e o hidrogênio se propõe a ser este combustível”, explicou.
Ainda conforme o especialista, a principal vantagem do hidrogênio verde sobre os combustíveis fósseis é não trazer contribuições, durante sua formação, em favor dos gases do efeito estufa. “Então ele não emite o CO2 [dióxido de carbono] e outros gases assim por ocasião do seu consumo. Por isso a sociedade está fazendo a opção de desenvolver esta cadeia”, avaliou.
Como depende de formas de energia renováveis, o estado potiguar tem grandes possibilidades de se tornar um dos grandes produtores deste tipo de energia a nível nacional, segundo Rodrigo. “O RN, naturalmente, será um produtor de hidrogênio verde e de outras formas de hidrogênio. Somos grandes produtores de energia renovável. A energia básica para geração deste combustível, a partir da quebra da molécula da água através da eletrólise. Então certamente o RN não só será um produtor, mas será um produtor de relevância nacional. Nós estamos iniciando as discussões, os termos de compromisso, desenvolvimento de soluções tecnológicas. Foi dada a partida em vários estados brasileiros e no RN também para a construção da cadeia econômica do hidrogênio verde”, pontuou.
Para o diretor do Senai, não falta nada ao Rio Grande do Norte para que o estado possa produzir hidrogênio verde. “É um processo que se inicia e é um processo de duração longa e permanente. Não falta nada para mudar. Não tem que mudar nada. Estamos em processo de crescimento, que acontecerá absolutamente naturalmente, dado um grande potencial de energia que temos aqui, que é o grande diferencial nosso em relação a outros estados. O hidrogênio verde, em si, volto a dizer, existem várias outras formas de hidrogênio, classificações, outras rotas tecnológicas tão importante quanto essa. Mas em se tratando do hidrogênio verde, é fundamental que exista uma possibilidade grande de energia renovável. E o RN tem como diferencial de outros estados essa disponibilidade de energia, nós produzimos cerca de cinco vezes o que consumimos de energia a partir das fontes renováveis. Com uma velocidade grande ainda em médio prazo, para os próximos quatro ou cinco anos, de produção dessas energias, de instalação de parques para estas energias, com a perspectiva de uma grande área de produção no offshore brasileiro que também se inicia como uma outra cadeia importante de desenvolvimento a partir de uma atividade industrial para o RN e essa junção de fontes de energias renováveis aqui, é o grande diferencial que nós temos para outras regiões do País”, observou.
DEBATE INTERNACIONAL. Nesta quinta-feira 23 e sexta-feira 24, Natal sediará o Fórum Internacional de Hidrogênio Renovável, o H2Tech. Realizado pelo Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis, faz parte da programação em comemoração aos 70 anos da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern) e vai trazer especialistas do Brasil e também da Alemanha para enriquecer o debate sobre descarbonização em diferentes setores da indústria. “O objetivo do Fórum agora é fomentar a discussão sobre a descarbonização em diferentes setores da indústria e a importância da aplicação do hidrogênio renovável para esse fim”, observa o diretor do SENAI e do ISI-ER, Rodrigo Mello.
Serão discutidos temas como “Combustíveis avançados e a contribuição para o cumprimento de acordos climáticos” e “Os primeiros sucessos do H2Brasil”, projeto criado pela Cooperação Técnica Alemã GIZ, a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com o objetivo de apoiar o aprimoramento da expansão do mercado de hidrogênio verde (H2V) no país como peça fundamental na redução da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera e para contribuir para a descarbonização da economia brasileira.
A programação começa às 8h e tem como público alvo pessoas interessadas no desenvolvimento desta indústria. “Nós teremos a participação de grandes players, de especialistas e pesquisadores que se debruçam sobre o tema no cenário nacional e na Alemanha, um dos países que lideram essa discussão na Europa”, frisa Rodrigo Mello, acrescentando que “o ambiente também será estímulo à geração de oportunidades de negócios, ao fortalecimento da cooperação científica e ao networking na área.”l
AGORA RN
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